30 de dezembro de 2008

OS MELHORES ÁLBUNS DE 2008

Chegados ao final de 2008, chegou a hora de fazer uma retrospectiva dos melhores álbuns do ano. Não necessariamente por ordem, eis a lista deste blogger (deixa a tua opinião ou classificação nos "Comentários"):

CDs - Pop-Rock
Fleet Foxes – “Fleet Foxes”
Vampire Weekend - "Vampire Weekend"
Buraka Som Sistema - "Black Diamond"
TV On The Rádio – “Dear Science”
Gang Gang Dance - "Saint Dymphna"
Kaiser Chiefs – "Off With Their Heads”
The Last Shadow Puppets – “The Age Of Understatment ”
Morcheeba - "Dive Deep"
Bloc Party - "Intimacy"
Rui Reininho – “Companhia Das Índias”

Cds - Metal
Metallica- "Death Magnetic"
Septic Flesh - "Communion"
Testament - "The Formation Of Damnation"
Opeth - "Watershed"
Slipknot - "All Hope Is Gone"
Meshuggah - "Obzen"
Trivium - "Shogun"
Warrel Dane - "Praises For The War Machine"
Divine Heresy - "Bleed The Fifth"
Gojira - "The Way Of All Flesh"

OS MELHORES CONCERTOS DE 2008

É num concerto que a música acontece, quando os seus reais executantes executam na hora as notas que nos tocam cá dentro.
Quais os melhores concertos de 2008? Aqui vai uma lista dos melhores segundo este blogger. Façam, no entanto, as vossas votações em "Comentários".

Down - Coliseu de Lisboa
Iron Maiden - Super Rock
The Cure - Pavilhão Atlântico
Machine Head - Rock In Rio
Rage Against The Machine - Fest. Alive

Outros:
Metallica - Rock In Rio
Bjork - Sudoeste
Muse - Rock In Rio
Porcupine Tree - Incrível Almadense
The Offspring - Rock In Rio
Duran Duran - Super Rock
Neil Young - Fest. Alive
Thievery Corporation - Coliseu de Lisboa
The Hives - Fest. Alive
Peter Murphy - Coliseu de Lisboa
Kaiser Chiefs - Rock In Rio
The Chemical Brothers (DJ act) - Sudoeste

17 de dezembro de 2008

DVD: U2 - "UNDER A BLOOD RED SKY" (Live At The Red Rocks)

Este DVD documenta o concerto de 1983 que deu origem ao disco «Under a Blood Red Sky». Gravado no Red Rocks Amphitheatre no Colorado, EUA, o espectáculo documenta os U2 nos primeiros anos da sua carreira onde apenas valiam pelas suas músicas, pela energia posta em palco e pelas suas letras já com algum conteúdo político, embora ainda denunciando alguma ingenuidade própria da idade que os seus elementos tinham na altura.
No entanto, tudo o que fez os U2 famosos e igualmente apreciados pela crítica estava lá. Os riffs pujantes e inovadores de The Edge, o poço de energia que é Bono em palco e a sessão rítmica à altura dos acontecimentos.
Aqui podemos ver temas míticos como a célebre versão ao vivo de "Sunday Bloody Sunday", "New Years Day" e "I Will Follow". Da mesma forma, recordam-se canções que, apesar de pouco conhecidas, espelham já o imenso talento do grupo como nas vigorosas "Out Of Control", "A Day Without Me" e " Surrender", nos poéticas "Into The Heart" e a belíssima "October", não esquecendo a ideologia cristã de "Gloria", então professada pelo grupo.
Enfim, um vídeo para os saudosistas verem com uma lágrima ao canto do olho mas também para as gerações mais novas observarem de que fibra eram feitas as bandas da altura que subiam a pulso, sem grandes apoios iniciais e apostanto na criatividade para marcarem a diferença. Talvez seja isso que mais impressiona. Vendo os U2 de agora, parece que que a "máquina" foi quem lá os pôs e isso não dirá muito aos adolescentes actuais (ou se calhar até diz). Com este DVD vê-se que foi a banda que se fez a si própria, com talento e trabalho, ao mesmo tempo que a sua simplicidade revelava sinceridade com a qual milhões passaram depois a identificar-se.
Depois deste álbum, os U2 iniciariam o vôo que os iria levar ao clássico "The Joshua Tree" e ao sucesso global, e o resto é história.

11 de dezembro de 2008

NEVERMORE: DVD "The Year Of The Voyager" editado

Acaba de ser editado o primeiro ansiado DVD dos NEVERMORE com o título "The Year of The Voyager". Esta edição marca o regresso da banda depois de um período de silêncio durante o qual alguns dos seus membros aproveitaram para lançar trabalhos a solo (Warrel Dane, Jeff Loomis,..). Assim, pela primeira vez podem ser observados em DVD a execução ao vivo de clássicos como "Next In Line", "Enemies Of Reality", "Inside Four Walls", "Engines Of Hate", entre outras (faltam algumas, é difícil seleccionar), no estilo inconfundível que distingue os NEVERMORE. Ainda está por se definir, aliás, o estilo desta banda que passa por ser das mais distintas e unânimemente aclamadas do metal e do rock.
A tracklist do DVD, que estará disponível em diversos formatos, é a seguinte:
DVD1 Main Show – Live at the Zeche Bochum, Germany, October 11th, 2006: 'Intro', 'Final Product', 'My Acid Words', 'What Tomorrow Knows/Garden Of Grey''Next In Line', 'Enemies Of Reality', 'I, Voyager', 'The Politics Of Ecstasy', 'The River Dragon Has Come', 'I Am The Dog', 'Dreaming Neon Black', 'Matricide', 'Dead Heart In A Dead World', 'Noumenon (from tape)', 'Inside Four Walls', 'The Learning', 'Sentient', 'Narcosynthesis', 'The Heart Collector', 'Born', 'This Godless Endeavor'.
DVD2 - Gigantour – Live at the Bell Centre, Montreal, Canada, September 2nd, 2005: 'Born', 'Enemies Of Reality'.
Metal Mania Festival – Live at the Spodek, Katowice, Poland, March 4th, 2006: 'Final Product', 'The Heart Collector', 'Enemies Of Reality', 'The Seven Tongues Of God'.
Wacken – Live at the Wacken Open Air, Germany, August 4th, 2006: 'Final Product', 'Narcosynthesis', 'Engines Of Hate', 'Born'.
Bonus Material: Century Media USA 10th Anniversary Party - Live at The Roxy, LA, September 28th, 2001: 'Engines Of Hate', 'Beyond Within'.
Promo videos: 'What Tomorrow Knows', 'Next In Line', 'Believe In Nothing', 'I, Voyager', 'Enemies Of Reality', 'Final Product', 'Born', 'Narcosynthesis' (live promo video).
Aqui segue o link para o e-card deste DVD onde ainda se faz referência a dois outros DVDs de duas fantásticas bandas ...bem conhecidas destas lides: http://ecard.centurymedia.com/nevermore_dvd/

6 de dezembro de 2008

Moonspell lançam DVD "Lusitanian Metal"

Os MOONSPELL acabam de lançar o seu aguardado DVD, chamado "Lusitanian Metal". A lista completa de faixas que completam os dois discos é a seguinte:
DVD 1:
* Live At The City Of Ravens (Metalmania, Polonia 2004)
* Touch Me In The Eyes (Compilação de vídeos com Opium, I will see you in my dreams, e a inclusão de do making off de Everything invaded)
* Century Media Years (Discography)
* Knoweldge (Graveyard impressions, exclusiva e extensa entrevista com os membros da banda em um cemitério de Lisboa)
DVD 2:
Small Hours – The Early Days (1992-1994):

Ensaio: 01. Serpent Angel, 02. Wolves from the Fog, 03. Ancient Winter Goddess
Primeiro concerto dos MOONSPELL: 04. Intro, 05. Goat on Fire, 06. Wolves from the Fog, 07. Hymn to Lucifer
Como suporte dos CRADLE OF FILTH: 08. Intro, 09. Tenebrarum Oratorium Part 1, 10. Goat on Fire, 11. Vampiria
Strange Are the Ways of the Wolfhearted Tour (1995-1996)
Banda suporte dos NAPALM DEATH: 01. Erotic Alchemy, 02. Ataegina, 03. Trebaruna
Perverse Almost Religious (1996-1997):
Krakow 1996: 01. A Poisoned Gift, 02. ...Of Dream and Drama (Midnight Ride), 03. An Erotic Alchemy, 04. Love Crimes
Dortmund 1996 (visto pela primeira vez): 05. Intro, 06. Wolfshade (A Werewolf Masquerade), 07. Love Crimes, 08. Vampiria, 09. ...Of Dream and Drama (Midnight Ride), 10. An Erotic Alchemy, 11. For a Taste of Eternity, 12. Alma Mater.
It's a Sin Tour (1997-1999):
Ermal 1999: 01. Let the Children Cum to Me..., 02. Dekadance, 03. EuroticA
The Butterfly Effect Tour (2000-2001):
Coliseu 2000: 01. I Am the Eternal Spectator, 02. Can't Bee, 03. Lustmord
Darkness and Hope Tour (2001-2003):
Festa de lançamento para "Darkness and Hope": 01. How We Became Fire, 02. Ghostsong
Ermal 2002: 03. Angelizer, 04. Mephisto, 05. Firewalking
Spreading the Eclipse Tour (2003-2005):
With Full Force - 10th Anniversary: 01. In and Above Men, 02. From Lowering Skies, 03. Opium, 04. A Walk on the Darkside, 05. Nocturna, 06. Southern Deathstyle
Istanbul 2004: 07. Alma Mater / Vampiria
Athens 2004: 08. The Antidote
Hard Club 2004: 12. I Will See You in My Dreams , 13. Tenebrarum Oratorium Part 1
Tejo 2005: 14. Awake!, 15. For a Taste of Eternity

3 de novembro de 2008

Peter Murphy ao vivo em Lisboa - A (MÚSICA) POP PODE SER ARTE

O mago da pop negra voltou a Lisboa no passado dia 1 de Novembro e, mais uma vez (é a terceira), para actuar no Coliseu dos Recreios. Para recebê-lo uma casa quase cheia de orfãos da sua antiga banda e, pelo seu aspecto, seguidores de longa data da carreira do artista. E Peter Murphy soube corresponder com uma actuação irrepreensível, de grande talento.
Sem nehuma banda suporte, o concerto começa à hora marcada em escuridão total e ao som do tema "Zikir", do último trabalho dos Bauhaus antes da sua segunda extinção. De seguida, faz-se luz ao toque da bateria de "The Line Between The Devil's Teeth". Podemos ver que Murphy continúa na sua melhor forma, com os habituais gestos miméticos que, em sintonía com a música, contagiam a audiência. "Burning From The Inside", um dos clássicos da sua antiga banda, leva-nos aos ambientes góticos de início dos anos 80. Depois de elogíos à belíssima sala do Coliseu "que os seus músicos americanos ficaram a aconhecer", Murphy interpreta uma belíssima versão de "Hurt" dos Nine Inch Nails. Pelo meio, "Glidding Like A Whale", "I'll Fall With Your Knife" "The Sweetest Drop" e "Deep Ocean Vast Sea" já tinham feito as delícias de quem aprecia a vertente mais acessível da carreira a solo do cantor. "Marlene Dietricht's Favourite Poem" revelou-se absolutamente inebriante na sua execução enquanto "Black Stone Heart" constituiu uma passagem pelo já referido álbum de Bauhaus editado no início deste ano. Com o público entusiasmado e o cantor em boa forma, só a acústica da sala destoava. "All We Ever Wanted", um dos pontos altos dos concertos dos Bauhaus na sua segunda vida, foi igualmente muito bem recebida aqui. Para além das canções em que só emprestava a voz, Murphy deambulava por vários instrumentos como a viola, sintetizador e até gaita, como em "She's In Parties" com a qual abandonou o palco pela primeira vez.
No primeiro encore, "A Strange Kind Of Love" foi entoado pela plateia e serviu de base para uns versos de "Bela Lugosi's Dead". Com "Cut's You Up", o Coliseu entrou em delírio, com todas as luzes acesas e o público a vibrar. O segundo encore foi com "All Night Long" outro grande tema deste cantor. Pelo meio ainda houve tempo para uma canção de um novo álbum que, segundo palavras do próprio vocalista, já se encontra gravado e pronto para sair.
Mais uma vez se provou que Peter Murphy é um dos nomes maiores da música pop-rock, com uma voz única e uma presença em palco incomparável. Por sua vez, a sua música revela-se como das melhores conjugações entre pop inteligente e, porque não dizê-lo, descontraída, com outros ambientes mais soturnos e poéticos de maior profundidade; e as músicas de Bauhaus acentuam ainda mais essa dicotomia sem quebrar a coerência do todo. Essa característica será, porventura, a maior mais valia deste cantor.

25 de outubro de 2008

THE CHEMICAL BROTHERS: A história

The Chemical Brothers é uma dupla de música eletrónica do Reino Unido composta por Tom Rowlands e Ed Simons (também chamados Chemical Ed e Chemical Tom). Inicialmente chamavam-se "The Dust Brothers", referência a uma dupla de produtores musicais que usavam o mesmo nome, mas devido à sua popularidade e possibilidade de retratações legais acabaram mudando seu nome em 1995. Junto com The Prodigy, Fatboy Slim, The Crystal Method e outros artistas, foram os pioneiros do break beat.
Em 1992, Rowlands e Simons começaram então a trabalhar como DJs, passando hip hop, techno e house. Após a escassez de material de hip hop para mixagens, passaram então a produzir suas próprias faixas. Utilizando um sistema Hitachi, um computador, um sampler e um teclado, gravaram "Song to the Siren", que foi lançado por sua própria editora. Enviaram a gravação para o DJ local Andrew Weatherall, que fez adaptações e relançou "Song to the Siren" em Maio de 1993.
No final de 1993, completaram o EP 14th Century Sky, que foi lançado em Janeiro do ano seguinte, contendo temas como "Chemical Beats", que marcou o som da banda e o estilo definido como break beat ou big beat. Este trabalho foi seguido por outro EP, "My Mercury Mouth", ainda em 1993.
Em Outubro de 1994 tornaram-se DJs residentes em clube influente de Londres, o Heavenly Sunday Social Club tendo sido convidados a remixar faxias de Manic Street Preachers e The Charlatans, além de "Jailbird" do Primal Scream e "Voodoo People" do The Prodigy.
Em março de 1995, a dupla começou sua primeira turnê internacional, que incluia os Estados Unidos e festivais pela Europa. Na mesma época o grupo Dust Brothers original ameaçou legalmente o grupo pelo uso indevido do nome, e então Rowlands e Simons decidiram mudar para "The Chemical Brothers". Em junho lançaram o quarto single, Leave Home, sendo o primeiro com a nova identidade.
Em Julho de 1995 a banda lançou seu álbum de estréia Exit Planet Dust, título esse inspirado pela mudança do nome. Entraram nas paradas do Reino Unido em nono lugar. O álbum acabou por vender mais de 1 milhão de cópias no Mundo e, logo após o seu lançamento, o grupo assinou contrato com a Virgin Records.
A faixa dos Chemical Brothers com participação nos vocais de Noel Gallagher, guitarrista da banda inglesa Oasis, "Setting Sun" foi lançada em outubro de 1996, chegando ao primeiro lugar do top de singles em vários países. Representantes legais dos Beatles entraram em contato com a banda para alegar plágio da canção "Tomorrow Never Knows", e a gravadora Virgin Records teve que contratar um especialista para provar que a canção não era plágio da obra psicadélica da década de 1960.
Em março de 1997 a dupla lançou nova faixa, "Block Rockin' Beats", que tornou-se primeiro lugar no Reino Unido, ganhando posteriormente um Grammy por melhor Rock Instrumental.
A 17 de Abril de 1997 foi lançado o segundo álbum, Dig Your Own Hole, gravado no estúdio da própria banda em Londres, e cujo título foi retirado de um graffiti na parede de fora do referido estúdio. Teve boa aceitação tanto pela crítica quanto comercialmente. A banda passou então a realizar tourneés intensivamente, particularmente nos Estados Unidos.
Em 1998 o grupo concentrou-se na tarefa de DJ, e em Setembro foi lançado o álbum de mixagens Brother's Gonna Work It Out, contendo faixais de artistas influentes no som da banda tais como Renegade Soundwave, Meat Beat Manifesto e Kenny 'Dope' Gonzales.
O terceiro álbum, Surrender, foi lançado oficialmente em Junho de 1999, contando com participações de Noel Gallagher, Jonathan Donahue dos Mercury Rev e Hope Sandoval dos Mazzy Star.  "Hey Boy, Hey Girl", mais orientado ao house, torna-se o grande hit da banda. Um dos destaques, "Out Of Control", tinha vocalizações de Bobby Gillespie dos Primal Scream e Bernard Sumner dos New Order, atingindo o primeiro lugar no Reino Unido. Outra faixa que recebeu bastante atenção foi "Let Forever Be", amplamente devido a seu videoclip inovador dirigido por Michel Gondry.
Em 2000 faziam tourneés com concertos gigantes, com canções "Out Of Control" e "Hey Boy, Hey Girl" recebidas em apoteose. Em Dezembro a banda faz também algumas primeiras parte de concertos de U2 em estádios. No ano seguinte começaram os trabalhos com o novo álbum, levando pouco a pouco as faixas a público, mesma estratégia utilizada nos álbuns anteriores. A dupla ainda remixou a faixa de Fatboy Slim "Song For Shelter", presente no álbum Halfway Between the Gutter and the Stars.
O álbum Come With Us,  lançado em Janeiro de 2002. Foi menos aceite que os anteriores, mas, ainda assim, alcançou o primeiro lugar do top no Reino Unido na primeira semana de lançamento, vendendo 100 mil cópias.
No final de 2002 começaram a trabalhar em novo material, incluindo "The Golden Path", uma colaboração com Wayne Coyne, vocalista e líder do The Flaming Lips incluída numa colectãnea do grupo.
Em 2004 os Chemical Brothers começaram a trabalhar em Push the Button, lançado em janeiro do ano seguinte. "Galvanize" foi o primeiro single, sucedido de "Believe" e "The Boxer". Tanto o álbum quanto "Galvanize" ganharam o Grammy em 2006.
We Are the Night, um álbum mais experimental, foi lançado em 2 de julho de 2007. Colaborações de outros músicos incluíram Klaxons (em "All Rights Reversed"), Midlake (em "The Pills Won't Help You Now"), Ali Love (em "Do It Again") e Willy Mason (em "Battle Scars").
Further é o último trabalho lançado em 2010 pelos The Chemical Brothers e representa um regresso á música de dança pura e dura, com batida techno e temas bastante extensos.

20 de outubro de 2008

Thievery Corporation ao vivo em Lisboa: REVOLUÇÃO EM FESTA

No passado dia 19 de Outubro o Coliseu dos Recreios encheu para receber os Thievery Corporation na sua primeira actuação na cidade de Lisboa, depois de várias presenças no nosso País em diversas ocasiões. E o mínimo que se pode dizer é que, na sua tourneé de 2008, a banda está na sua melhor forma de sempre, pelo menos no que toca a espectáculos ao vivo.Acompanhados por uma numerosa banda de apoio que incluía um baixista, um guitarrista/tocador de cítara, dois percussionistas, um trompetista, um saxofonista, uma balitarina de danças orientais e um assinalável numero vocalistas de ambos os sexos – o concerto alcançou momentos grandiosos de grande intensidade que contagiaram toda a plateia.
Depois do início com o instrumental "Mandala" - do último álbum “Rádio Retaliation” - os Thievery Corporation atacaram “Lebanese Blonde”, com a voz de Gunjab, gerando os primeiros fortes aplausos da plateia, mas foi com a entrada dos dois dub rappers Rootz e Sleepy Wonder que se agitaram decisivamente as hostes para nunca mais pararem. A cargo deles ficaram temas como “38.45 (A Thievery Number)”, “Vampites” (dedicado aos políticos que nos enganaram), entre outros. Pelo meio já tínhamos tido a iraniana Loulou a cantar “Shadows Of Ourselves”. A sensual Karina cantou “Hare Krsna”, em substituição de Seu Jorge, e “Exílio”, onde incentivou o público a trautear o refrão «la-la-la-laaa…». Emiliana Torrini esteve muito bem em "Heaven's Gonna Burn Your Eyes". Estas duas cantaram “El Pueblo Unido” com direito a tradução em português.
Todo o espectáculo era acompanhado por imagens projectadas no fundo do palco, ora coloridas e abstractas, ora remetendo para o imaginário da banda, surgindo o duo original recortado no ecrã como se fizessem parte do filme. A primeira saída do palco deu-se com a interpretação de “Assault On Babylon” com passagem para “Warning Shots” com todo o Coliseu em ritmo de dança tal era a energia transmitida pela música e pela atitude dos músicos em palco. Mas foi no encore, nomeadamente com “The Richest Man In Babylon” que o coliseu entrou em delírio com um dos vocalistas a fazer crowd surfing e um grupo de fãs a ser “deixado” entrar em palco para dançar com os músicos.
Os Thievery Corporation estão com um espectáculo admirável, rico e exótico (só faltam encantadores de serpentes) e onde a mensagem política, e também filosófica, tem muita força. É lógico que os temas em formato canção e vocalizados são os que têm mais destaque ao vivo, em prejuízo dos mais calmos que carecem de um ambiente mais recatado. Exemplo disto é o facto de que um dos momentos altos da noite, na opinião deste escriba, deu-se com “Illumination” uma (quase) instrumental onde as características místicas deste estilo musical afloraram, criando, juntamente com as imagens projectadas, um ambiente único e indescritível no recinto. Há que fazer opções e a própria dimensão cada vez maior dos concertos dos Thievery Corporation obriga a que tenham características mais enérgicas e efusivas, indo para domínios mais jam e orgânicos.Em todo o caso é uma garantia que os fãs têm de que o grupo está bem vivo e de boa saúde, pronto para acolher quem a ele se queira juntar nesta “revolução em festa”.
Nota: para ter uma ideia do concerto cá vão uns links:

3 de outubro de 2008

Discos: BURAKA SOM SISTEMA - "BLACK DIAMOND"

A música comentada neste Portal é, essencialmente, da área rock, mas, no fundo, pretende-se valorizar aqui tudo aquilo que é música de qualidade, independentemente do estilo. Esta intenção é tanto mais verdade quando se trata de música portuguesa.Por isso é com todo o gosto que fazemos aqui uma menção ao lançamento do primeiro álbum daquela que é capaz de ser a banda portuguesa do momento: os Buraka Som Sistema.
Após lançarem dois EPs, a banda edita agora “Black Diamond”. O som é uma mistura luxuriante de estilos tendo por base o Kuduro mas acrescentando diversos ritmos e sons ligados ao Hip Hop, ao Drum n’ Bass e a outras vertentes da música eletrónica.
Segundo o grupo, o novo disco assemelha-se a um autêntico mergulho pelos subúrbios do mundo. E é isso que se respira aqui: um caldo de cultura equivalente ao que se vive nas grandes urbes do nosso tempo.

E o que é mais admirável neste grupo, e que os faz maiores a nível mundial, é que o seu estilo é de facto a vanguarda no que diz respeito à música moderna que se faz hoje em dia. Se a vanguarda da música mainstream é feita pelos gigantes (a nível de vendas) Timbaland e cª, os Buraka Som Sistema fazem parte daqueles que já estão um passo mais à frente. E o mais fantástico é que o fazem baseando-se num estilo que tem tudo a ver com o local de onde vêm: o kuduro proveniente das antigas colónias africanas e popularizado em muitos subúrbios da grande Lisboa.

Para a história, aqui fica o alinhamento do disco:
01. Luanda/Lisboa - com DJ Znobia, 02. Sound of Kuduro - com M.I.A., DJ Znobia, Saborosa, Puto Prata, 03. Aqui para Vocês - com Deize Tigrona, 04. Kalemba (Wegue Wegue) - com Pongolove, 05. Kurum, 06. IC19, 07. Tiroza com Bruno M, 08. General, 09. New Africas pt. 1, 10. New Africas pt. 2, 11. Beef, 12. Black Diamond - com Virus Syndicate.

1 de outubro de 2008

DVDs: DAVID GILMOUR - "LIVE IN GDANSK"

"Live In Gdansk" é como se chama o mais recente lançamento de David Gilmour em DVD e CD. Gravado no dia 26 de Agosto de 2006 em Gdansk, na Polónia, para mais de 50 mil espectadores naquele que foi o último concerto da tourneé do álbum "On An Island" daquele músico. Gilmour e a sua banda foram acompanhados pela Polish Baltic Philarmonic Orchestra, ou seja, pela primeira vez, clássicos de foram acompanhados por uma orquestra. Produzido por David Gilmour e Phil Manzanera, o álbum tem ainda a última participação de Richard Wright, falecido recentemente.

Este DVD/Cd foi editado em vário formatos: 2 cds (apenas áudio), 2 cds e 1 DVD, 2 cds e 2 DVDs, 3 cds e 2 DVDs e 5 LPs.

O concerto inicia-se começa com quatro canções do ‘Dark Side of the Moon’, ‘Speak to me’, ‘Breathe’, ‘Time’ e ‘Breathe (Reprise)’ - passando em seguida para temas do mais recente álbum de estúdio de Gilmour, o belíssimo ‘On an Island’, bastante técnico e calmo, a roçar o ambiental.


A segunda parte já é inteiramente preenchida com clássicos de Pink Floyd, como ‘Shine On You Crazy Diamond’ e ‘Wish You Were Here’ do disco homónimo, ‘Fat Old Sun’ de ‘Atom Heart Mother’, ‘Echoes’ de ‘Meddley’, ‘A Great Day For Freedom’ e ‘High Hopes’ de ‘Division Bell’ (o último álbum de estúdio da carreira de Pink Floyd) ‘Astronomy Domine’ de ‘Piper at the Gates of Dawn’ e ‘Confortably Numb’ de classico ‘The Wall’, vocalizada por Richard Wright.

Pode-se dizer que é uma edição não só para fãs da carreira a solo de David Gilmour, mas também de Pink Floyd, tendo em conta que, apesar de não haver propriamente novidades, nunca o som destas músicas teve tanta qualidade, ainda por cima com o acompanhamento - sóbrio acrescente-se - de uma orquestra sinfónica.

Nota curiosa para a capa, onde aparecem umas gruas a rodear o palco numa alusão aos famosos (em termos históricos e políticos) estaleiros daquela cidade.

11 de setembro de 2008

Discos:METALLICA - «DEATH MAGNETIC»

Uma semana depois de editado, ouvido e maturado, durante a qual conquistou o primeiro lugar da maior parte dos tops à volta do Globo, importa agora efectuar a aqui o comentário ao álbum de Metallica - "Death Magnetic". E o que há a dizer? Sim, é sublime, tem qualidade, tem originalidade, tem técnica e, basicamente, é tudo o que se pode esperar de uma banda como Metallica. Pela primeira vez em 17 anos os Metallica compõem um álbum que se aproxima do génio dos cinco primeiros trabalhos do grupo. A saber: "Kill 'Em All" (1983), "Ride The Lightning" (1984), "Mater Of Puppets" (1986), "...And Justice For All" (1988) e "Metallica" (1991).
Basicamente, o trabalho é um regresso às raízes do grupo, nomeadamente, aos temas mais épicos, influenciados por música clássica, à técnica de guitarra e bateria, à sucessão de partes de forma - neste caso mais ou menos - coerente. Ou seja, é um regresso àquele som que os Metallica tinham no passado que fez com que muitos os considerassem a melhor banda do Mundo. Isso não quer dizer que seja uma cópia do passado, não. A grande arte está em inovar mantendo a personalidade, e isso é o que temos aqui. Para além disto, a vocalização bluesy de James Hetfield, carcterística dos últimos trabalhos, continúa neste álbum, em prejuízo das vocalizações mais poderosas de antigamente, o que pode ser um ponto contra na opinião de alguns fãs. Certas melodias têm até algumas tonalidades hard rock de discos mais recentes e até a produção seca e directa faz lembrar por vezes a do (algo injustamente) mal amado "St. Anger", mas sem a tarola irritante. No entanto, a predominância da bateria continúa a ser uma imagem de marca do grupo.
Mas vamos ao álbum cujo título remete para as mortes prematuras no mundo do rock. O início é soberbo, em tons épicos e solenes entrando com um riff tecnicista e ao mesmo tempo bastante memorizável, como é apanágio de Metallica. A primeira música - "That Was Just Your Life" - é, aliás, um rodopio de partes que se encadeiam de forma fluída. "The End Of The Line" é um dos riffs que fica mais no ouvido de todo o álbum, para além de ser já conhecido de quem estava a par das filmagens dos ensaios do grupo disponíveis na Internet. Da mesma forma, entra também por um corropio sucessivo de melodias trash de cortar o fôlego. O terceiro tema é novamente vigoroso, com os ritmos em estilo tribal e só quando se chega a "The Day That Never Comes" é que temos algum descanso, com uma típica semi-balada à Metallica, na linha de "One" ou "Sanitarium". "All Nightmare Long" é outra faixa enérgica e trabalhada a nível técnico, o refrão é dos melhores do álbum. A nível lírico, sugere uma continuação de"Enter Sandman". "Cyanyd" é a faixa mais groove deste ábum, com o baixo de Robert Trujullo a fazer-se notar decisivamente. "The Unforgiven III" traz, pela 1ª vez, a presença de um piano num álbum de originais de Metallica e é um bom tema de características mais calmas mas cheio de talento com um grande trabalho de guitarras. "Judas Kiss" é soberbo, com um riff estonteante. Por seu lado, "Suicide & Redemption", a canção instrumental do disco assemelha-se a uma jam com partes bastante interessantes, não alcançando, apesar disso, a genialidade de certos hinos do passado. "My Apocalypse" acaba por ser um final em beleza, na melhor tradição thrash, apesar de não primar pela originalidade.
Em suma, um grande disco digno de enfileirar com os referidos primeiros dicos de Metallica. Pontos contra, o ser preciso tanto tempo para os Metallica fazerem um dico bom e, em segundo lugar, o facto dessa demora em descobrir inspiração roube um pouco o factor surpresa, principalmente se tivermos em conta a evolução da música e do metal na última década e meia. No entanto, é preciso não esquecer que o som dos Metallica não se pode comparar com outros grupos, por ventura mais tecnicistas e originais mas menos acessíveis a públicos mais alargados. O grupo tem a sua personalidade e tem que ser visto nesse contexto, até porque há muita gente que não gosta de metal e que gosta deste grupo pela suas óptimas canções, para além da influência que teve em inúmeras bandas no passado. Uma coisa é certa, este é o primeiro disco dos Metallica que aponta mais para o passado do que para o futuro. Pela primeira vez os Metallica fazem um disco... à Metallica. Na opinião deste escriba, e tendo em conta o passado mais recente, a opção é a mais satisfatória.

Links:
- The Day That Never Comes - http://www.youtube.com/watch?v=Mlahvvymkxc

26 de agosto de 2008

Os 50 melhores logótipos de bandas

Os Rolling Stones lideram o top dos 50 melhores logótipos de bandas, seguidos dos Ramones e The Who.

O site Gigwise.com compilou uma lista das 50 bandas com os melhores logótipos (marcas figurativas, para ser mais correcto) de sempre. A famosa língua vermelha dos britânicos The Rolling Stones lidera o top, seguida do selo presidencial dos norte-americanos Ramones.

Na terceira posição está de novo uma banda vinda do Reino Unido. O alvo vermelho, branco e azul dos The Who recebe a medalha de bronze nesta votação.

Do Top 50 fazem parte nomes conhecidos como os Sex Pistols, Radiohead, Guns N' Roses e AC/DC, mas também outros mais underground como os politicamente incorrectos Anal Cunt.

14 de agosto de 2008

DVD: NEW ORDER - "LIVE IN GLASGOW 2006 / LIVE & UNSEEN FOOTAGE"

Depois de terem declarado oficiosamente o termo da sua carreira, até mais ver, os New Order acabam de lançar o DVD "Live in Glasgow" constituído por dois discos. O primeiro contém a actuação do grupo na Carling Academy, em Glasgow, durante a última tourneé do grupo - que também passou por Portugal no festival Super Rock de 2006.

Para além da cuidada realização o concerto inclui os maiores êxitos dos New order como também quatro canções dos Joy Division, a antiga e mítica banda anterior à actual denominação.

No entanto, o maior motivo de interesse desta edição, principalmente para quem já conhece razoavelmente a banda, ainda é o 2º disco deste DVD que inclui vários concertos dos New Order ao longo da sua carreira. Para além de ser uma oportunidade única para ver a evolução do grupo, desde a fase pós-Joy Division, em que o som surgia muito marcado pela sua herança, até à gradual inclusão de elementos tecnológicos, em meados dos anos 80, até à explosão de sucesso, na fase final daquela década. É curiosíssimo ver a evolução da postura em palco do vocalista/guitarrista, Bernard Summer, ou apreciar a importância que a incomparável viola baixo de Peter Hook sempre teve nos New Order.

Pode-se dizer que este DVD, a par de outro editado anteriormente com os video-clips da banda, é um documento valiosíssimo para apreciar aquele que é um pedaço da história da música pop rock. A prova disto está na nítida e confessada influência que os New Order têm, não só a nível da new wave e do rock que se faz hoje, como, na sua vertente mais electrónica, no contributo para o nascimento da música de dança actual e do tecno em particular.

O tracklisting do DVD é seguinte:
1º dvd:
1. ‘Crystal’2. ‘Turn’3. ‘True Faith’4. ‘Regret’5. ‘Ceremony’6. ‘Who’s Joe’7. ‘These Days’ (Joy Division Cover)8. ‘Krafty’9. ‘Waiting For The Sirens Call’10. ‘Your Silent Face’11. ‘Guilt Is A Useless Emotion’12. ‘Bizarre Love Triangle’13. ‘Temptation’14. ‘The Perfect Kiss’15. ‘Blue Monday’16. ‘Transmission’ (Joy Division Cover)17. ‘Shadowplay’ (Joy Division Cover)18. ‘Love Will Tear Us Apart’ (Joy Division Cover)
2º dvd:
Celebration 1981- Ceremony- I.C.B.- Chosen Time
Glastonbury 1981- Senses- Procession- The Him
Roma, 1982- Ultraviolence- Hurt
Cork, 1983- Leave Me Alone- Everything's Gone Green
Roterdã, 1985- Sunrise- As It Is When It Was- The Village- This Time Of Night
Toronto, 1985- We All Stand- Age Of Consent- Temptation
Shoreline, Bay Area, 1989- Dream Attack- 1963
Hyde Park, Londres, 2006- Run Wild- She's Lost Control

11 de julho de 2008

RAGE AGAINST THE MACHINE NO FESTIVAL "ALIVE!" - Review

O festival Optimus Alive! teve no seu primeiro dia a presença de uma das bandas que, pode-se dizer, já deixou a sua marca na história da música moderna: os Rage Against The Machine. Perante uma audiência de várias dezenas de milhar de pessoas, que esgotaram todas as bancas de comes e bebes, a tourneé de regresso do grupo passou, felizmente, pelo nosso País.

Ao som sirenes, Zack la Rocha, Tom Morello e companhia entram a todo ogás com "Testify" e instala-se a desordem na plateia. o reboliço continua nos temas subsequentes, "Bulls On Parade", "People Of The Sun", "Bombtrack" e "Know Your Enemy". A parte tema de "Bullet In The Head" é um leve momento de acalmia para depois entrar de novo na parte final quase em hardcore. O concerto prossegue em regime de quase colectânea de sucessos, tal é a quantidade de temas conhecidos do grupo e entoados pela multidão, mesmo sendo em registo rap. É assombroso observar in loco a forma como Morello executa os seus devaneios experimentalistas na guitarra. O vocalista, por seu lado, continua a destilar raiva e contestação, em postura provocante, introduzindo discursos novos em vários temas, enquanto que a sessão rítmica mantém a cadência sem falhas.

"Sleep now In The Fire" é apresentado numa nova versão, mais longa com pormenores novos na guitarra. Na parte final do tema, Zack muda a letra para «don't sleep now in the fire". Pouco depois, o apoiante do movimento zapatista e adepto de Che Guevara, confessa ao público a sua admiração por José Saramago, como se sabe um intelectual conotado com a esquerda. Com "Guerrilla Radio", recebida em apoteose, os Rage abandonam o palco pela primeria vez. O encore foi preenchido com uma versão bem extensa de "Freedom" e com o inevitável "Killing In The Name Of" que pôs aos saltos toda a gente no recinto.

Depois de uma aventura pelos domínios do mainstream noutros projectos, nomeadamente os Audioslave, estes músicos voltaram ao que sabem fazer melhor, que é o som provocador e arrojado dos Rage Agaist The Machine, que influenciou inúmeras bandas da última década e meia sem conseguirem ser, de facto, superados. Resta saber se há vida para além desta tourneé de reunião, tendo em conta que a fórmula específica da música deste grupo só se mantém interessante se "refrescada" regularmente.
Uma palavra ainda para o excelente concerto que os The Hives efectuaram momentos antes do quarteto de L.A., entre outros intérpretes presentes no Festival.

10 de julho de 2008

Iron Maiden ao vivo no Super Rock 2008 - Review 9 de Julho

O dia 9 do festival Super Rock, que decorreu no Parque Tejo em Lisboa, era dedicado às sonoridades metal, mas, na prática acabou quase por ser o dia de uma só banda: os Iron Maiden. A promessa era grande, executar, quase na íntegra, o clássico "Live After Death", recentemente reeditado em DVD. Para muitos era algo como um sonho tornar-se realidade.
As luzes apagam-se, imagens antigas de batalhas passam nos ecrans, o histórico discurso de Churchill no auge da 2ª Guerra Mundial irrompe pelas colunas e a audiência entra em histeria. «...We should fight in the hills, we should never surrender!» e uma explosão pirotécnica dá início a "Aces High".



Guitarristas em fúria, Steve Harris a apontar o seu baixo à multidão e Bruce Dickinson imparável na forma como se movimenta. A seguir «2 Minutes To Midnight" e "Revelation", o som está poderoso e o cenário está todo decorado com motivos do egipto antigo. No entanto,o cenário muda ao 4º tema para a capa de "The Trooper", o público aplaude aind anão tinha começado o tema. O vocalista, a rigor como um soldado inglês do século XVIII. "Wasted Years", claro, não podia faltar com o vocalista a lembrar que passam 23 anos desde o álbum/vídeo que se celebrava. Em "Number Of The Beast", chamas irrompem pelo palco ao ritmo do refrão enquanto uma estátua a fazer lembrar um deus mitológico aparece no cenário. Em "Rime Of The Ancient Mariner", o cenário transforma-se numa coberta de um navio com Dickinson vestido como se fosse um náufrago tendo a parte instrumental do tema sido dos momentos mais "cinemáticos" do concerto.
Com "Powerslave" voltam os cenários "egípcios" e o vocalista a cantar de mascarilha. Esta canção foi um exemplo da perfeição do som que os maiden gozam hoje em dia fruto, por um lado, da tecnologia e, por outro, do facto de terem 3 (!) guitarristas. "Heaven Can Wait", com um grupo de fãs a ser levado até ao palco para cantar, "Fear Of The Dark", devidamente entoado por todos, "Run To The Hills" e "Iron Maiden" (com uma múmia gigante a assomar-se à parte detrás do palco) foi o final perfeito para a primeira saída de palco.
No encore, tivemos a surpresa de 2 temas do álbum "Seventh Son...": Moonchild" e "The Clairvoyant", este com um Eddie similar ao da capa de "Somewhere In Time" a passear entre os músicos. No final, para confirmar que estes músicos estão em forma apesar dos anitos em cima, "Hallowed Be Thy Name" impecavelmente executada.
Se há concerto perfeito, pelo menos para os apreciadores desta banda, foi este.
Neste dia do Super Rock, a outra banda mais celebrada foram os Slayer com um concerto ao seu melhor estilo, excepto o facto de ter sido ainda durante o dia. Depois de uma primeira parte com temas menos rodados, mas que incluiu cássicos como "Die by The Sword", "Captor Of Sin" e "Hell Awaits", os Slayer acabaram com os seus melhores temas pondo em delírio a plateia, já por si conquistada. "Dead Skin Mask", com o habitual discurso de introudução, e um potentíssimo "Raining Blood" foram os pontos altos do concerto.
Neste dia ainda actuaram Laurean Harris, Avenged Sevenfold, Rose Tatoo e Tara Perdida.

Links:

http://www.youtube.com/watch?v=wOKkOZO9uL0&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=eC-XzejAPMc&feature=related

6 de julho de 2008

FESTIVAL SUPER BOCK SUPER ROCK NO PORTO: Review

Realizou-se, no passados dias 4 e 5 de Julho, o 1º festival Super Bock Super Rock do Porto com vários pontos de interesse.
No primeiro dia, que decorreu sob alguma chuva, o destaque vai para o primeiro concerto dos Love and Rockets no nosso País, 24 anos depois do seu surgimento. Os 3 ex-Bauhaus deram um curto mas intenso concerto, extremamente bem executado, tanto a nível instrumental como vocal. Iniciando a actuação com uma muito apropriada "Ball Of Confusion", o concerto continuou com os temas mais inspirados da carreira da banda, que regressou recentemente ao activo depois de um longo hiato. A maior parte dos temas eram cantados pelos dois vocalistas, o guitarrista Daniel Ash e o baixista David J, em perfeita conjugação, produzindo um ambiente único que conseguiu conquistar a audiência, apesar de grande parte desconhecer a banda. Um dos fãs mais indefectíveis ostentava até um cartaz a pedir uma nova actuação do grupo na "Invicta". Inesperadamente, quando o concerto se encaminhava para o seu pico, o guitarrista anunciou que só dispunham de 5 minutos de concerto e arranca com uma inesperada e magnífica versão do clássico "Shoudl I Stay Or Should I Go" dos Clash. Faltaram muitas, mas já foi alguma coisa. Para a história, aqui fica o alinhamento: Ball Of Confusion, No Big Deal, It Could Be Sunshine, Dog Of A Day Gone By, Haunted When The Minutes Drag, No New Tale To Tell, An American Dream, Should I Stay Or Should I Go.
O ponto alto deste dia foram os ZZTop que, no seu estilo inconfundível e beneficiando de um bom som de palco, efectuaram um concerto muito competente. Não dispensado o seu visual característico - longas barbas e guitarras "almofadadas" - assim como as habituais coreografias, os veteranos arrancaram jmuitos aplausos com uma actuação que visitou os seus maiores clássicos mais ou menos antigos: de "Legs", a "Gimme All your Lovin'" passndo por "Got Me Under Preassure" (a primeira) e "Sharp Dressed Man". Não faltou até um estranho diálogo com uma moça que entrou no palco apresentando-se como a professora de português dos ZZTop (??!!).
O encerramento desta noite foi para os Xutos & Pontapés que se apresentaram com o Grupo de Metais do Hot Club. Para além da nova roupagem de alguns clássicos, foram ouvidos temas como os menos habituais "Gritos Mudos ", "Fim de Semana", "Esta Cidade" entre outros.
Neste dia ainda actuaram, David Fonseca, numa actuação muito competente e bem recebida, e os Profilers.

No segundo dia, o destaque foi todo para os Jamiroquai. Logo no início do concerto via-se que muitos foram ao festival especialmente por esta banda. O arranque foi com o mexido "Kids" do 1º álbum, em que se notou, desde logo, o excelente som de palco dando uma dimensão mais potente às músicas. Seguiram-se "High Times", com imagens da carreira da banda nos ecrãs, e "Seven Days In June", entoado em uníssono. Em "Space Cowboy" os slaps do baixista quase que rebentavam com as colunas numa das partes mais dançantes do concerto. A voz de Jay Kay estava mostra-se em bom nível e, apesar da pouca comunicação com o público (se exceptuarmos um "ora viva!"), a qualidade do alinhamento e a presença corporal do vocalista mantiveram a química com audiência em alta. O facto de alguns temas estarem bastante diferentes da sua gravação em disco, havendo muito espaço para o improviso, foi um atractivo extra do concerto permitindo observar os excelentes músicos (e coro) de que a banda dispõe. Exemplo disso foi a versão de "Traveling Without Moving". A parte final em crescendo com "Runaway", "Cosmic Girl" e "Love Foolosophy"(numa versão muito diferente) arrasou a audiência ficando o inevitável "Deeper Underground" para o encore. No final, ficou a impressão que só falta um regresso com um grande sucesso (o último de originais já é de 2005) para os Jamiroquai passarem a fazer parte da primeira divisão das grandes estrelas mundiais da música (daquelas que enchem estádios), se é que já não são.
Neste dia, releve-se também a actuação dos Morcheeba, num registo calmo e psicadélico, com a nova vocalista, Manda, a estar ao nível nos temas antigos (a maior parte do alinhamento). "Moog Island", "Otherwise", "The Sea" (dedicada à protecção dos oceanos) foram alguns dos temas ouvidos com o guitarrista a mostrar todo a sua paleta de sons e efeitos, desde a cítara oriental a solos hendrixianos. Os temas mais enérgicos ficaram para o final como "Let Me See", "Be Yourself" e "Rome Wasn't Built In A Day", entremeados pelo exclente "Blindfold". Muito bom, a pedir concerto em nome próprio.
Neste dia ainda actuaram os Brand New Heavies (outro regresso), os Clã (muito aplaudidos), Paolo Nuttini (interessantes blues e sonsas baladas) e Jorge Palma (pareceu em forma...para quem gosta).
Segundo a organização, para o ano há mais. A ver vamos.

6 de junho de 2008

Rock In Rio, dia do metal: REIS E PRÍNCIPES

No dia 5 de Junho, um furacão varreu o parque da bela Vista, cortesia dos Metallica e dos Machine Head, principalmente, mas também dos nossos Moospell.



O Metallica são uma força viva da música actual. A sua actuação foi impecável, tanto na execução como na atitude, com uma energia contagiante e beneficiando do facto de ter público, desde o início, a seu favor. Com um alinhamento ligeiramente diferente de outras anteriores, apostando em mais temas dos álbuns "Load e "Reload", o clássicos, porém, não faltaram. Ouviram-se os inevitáveis "Creeping Death" (a começar), "One" (com a sua introdução "bombástica"),"Master Of Puppets", (com o solo entoado de forma impressionante pelo público) e "Enter Sandman" (com direito a fogo de artifício). As surpresas passaram também por temas não executados nos últimos concertos no nosso país, como "No Remorse" e "Damage Inc." espectaculares e a soarem melhores do que nunca. Ainda houve tempo para as brincadeiras punk "Last Caress" e "So What" e o final apoteótico com "Seek and Destroy". Pecou por não mostrarem nenhum tema novo.

Antes da actuação dos reis, actuaram os seu príncipes. Os conterrâneos da Bay Area (a zona metropolitana de San Francisco, EUA, onde nasceu o thrash metal), Machine Head, esmagaram autenticamente a multidão com um concerto soberbo a todos os níveis: grandes temas, energia, técnica, presença e uma comunicação constante com o público, graças a esse excelente mestre de cerimónias que é o vocalista/guitarrista Robb Flyn.

O início foi arrasador, com o quatro primeiros temas a serem debitados sem interrupções. "Clenching The Fists Of Dissent" e "Imperium", principalmente, soaram grandiosas, ao nível do cenário que os recebia. "Aestethics of Hate", dedicada ao metal e ao seu público, e "Old" foram também muito bem recebidas. A surpresa da noite aconteceu quando a banda resolveu excutar, em primeríssima mão, uma versão de "Hallowed Be Thy Name" dos Iron Maiden. "Take My Scars" e "Davidian", entremeadas com o excelente "Descend The Shades Of Night", foram um final extraórdinária com grande parte do muito público a manifestar-se de forma totalmente louca (como se pode comprovar no link abaixo). Um verdadeiro concerto de metal como todos deviam ser.


A primeira banda do palco principal foram os Moospell que executaram bastantes canções do seu último álbum contando, durante estas, com a colaboração de um grupo de cantoras que também efectuaram algumas coreografia. Apesar de grande parte do muito público presente manifestar-se efusivamente durante todo o concerto, foi com os grande clássicos que toda plateia foi conquistada. "Opium", "Alma Matter" e "Full Moon Madness" foram os pontos mais altos de um concerto que pecou por ter sido efectuado sob sol radiante o que, neste caso, tira um pouco de encanto à música destes portugueses.

Os Apocalyptica cumpriram a sua função de entreter as hostes que deambulavam pelo recinto entre os inúmeros locais de divertimento e os come e bebes. Nada a apontar à sua dedicação mas, entre tantos grupos do espectro hard'n'heavy que podiam estar presentes, não se compreende que a escolham um grupo que, quer queiramos quer não, tem características muito específicas.

Esperemos que na próxima edição também haja dia de metal ... com ou sem Metallica : )

Links:

http://www.youtube.com/watch?v=FDNxq8R0mko

http://www.youtube.com/watch?v=eu9fdu7k34k

Fotos: cortesia iol.com e music.aol.com

13 de maio de 2008

STONE TEMPLE PILOTS REGRESSAM!

Os Stone Temple Pilots anunciaram o seu regresso e já actuaram, no passado mês de Abril, num pequeno concerto em Los Angeles para convidados. Depois de alguns boatos e de os seus músicos terem cessado os projectos que vinham desenvolvendo, a banda norte-americana divulgou que se prepara para efectuar uma tourneé pelos EUA e, possivelmente, gravará novo disco.

Os Stone Temple Pilots formaram-se no início da década de 90 quando os irmãos Dean (guitarrista) e Robert De Leo (baixista) encontraram um louco vocalista chamado Scott Weiland. Juntamente com o baterista de sempre, Eric Kretz, gravaram o álbum "Core" (1992) que, em plena euforia grunge, é considerado um clássico do estilo. É neste trabalho que estão temas intemporais da história da música como "Plush", "Creep" ou "Sexy Type Thing". Cada canção do álbum é mesmo um single em potência.

Depois do sucesso mundial e de 2 anos recheados de touneés a banda grava o segundo trabalho, "Purple", no qual aprofundam as características mais personalizada do primeiro trabalho, demarcando-se dos rótulos que lhes haviam posto. Deste álbum - onde se notam influencias de pop-rock dos sixities - destacam-se o excelente "Interstante Love Song","Vasoline", "Big Empty", entre outras. O grupo é novamente aclamado por público e por crítica.

Datam desta altura os primeiros problemas de Scott relacionados com droga e até com a justiça. Ainda assim , o grupo consegue gravar mais um álbum fabuloso, "Tiny Music" (1996), por ventura o trabalho mais diversificado do grupo - onde até interpretam um original de "bossa nova" - não abandonando, claro, os seus traços característicos e o sentido pop de cada tema. O disco praticamente não tem concertos de promoção pois o vocalista entra em várias curas de desintoxicação, para além de ter tido uma condenação com pena suspensa.

Depois de um interregno, o quarto álbum "Nº4" mostram os Stone Temple Pilots de novo em grande forma e Scott Weiland, apesar de tudo, a cantar melhor do que nunca. Temas como "Sour Girl", "Down" ou "I've Got You", entre outros, provam o extremo talento conjugar em doses certas acessibilidade com a criatividade, não descurando nenhum pormenor na execução e na produção. E depois é a heterogeneidade que permite misturar estilos aparentemente díspares como garage, hard rock até revival pop e slows psicadélicos, tudo cabe e soa bem aqui.

O menos bem sucedido último trabalho de originais até à data, "Shangri-La Dee Da"(2001), precipitou o final da banda. Ainda antes desse termo, tiveram ocasião de passar por Portugal (festival Paredes de Coura) num concerto onde o endiabrado vocalista deixou os mais deprevenidos boquiabertos com a sua performance, tendo, inclusivamente, acabado a actuação literalmente "em pêlo".

Aguardemos, pois, por concertos e por música nova desta banda que, pode-se dizer, já faz parte dos grandes nomes da história do rock no seu sentido lato. Big Bang Baby, crash crash crash!!!

Para avivar a memória, eis algumas pérolas:

http://www.youtube.com/watch?v=lEHyrvQOCAU

http://www.youtube.com/watch?v=y2xNyxc5VWs&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=LGbO-nVBaFo

http://www.youtube.com/watch?v=494HNSbRWyw

http://www.youtube.com/watch?v=3XSJjzheHs8&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=WwS_Eu-HLZo





28 de abril de 2008

Down ao vivo em Lisboa: O CLÁSSICO NOVO

No passado Domingo, dia 27 de Abril, o Coliseu dos Recreios em Lisboa viu um dos melhores concertos de puro rock’n’roll que se viu em anos no nosso País. Fala-se constantemente em novas “big thing” e em novas modas que depois se revelam demasiado fugazes, mas quando toca a distinguir o trigo do joio, quem sabe, sabe. E os Down sabem muito bem o que estão a fazer, ou não fossem constituídos por músicos com anos de estrada e de diversas experiências musicais.
Ao vivo, com um vocalista que encarna na perfeição o papel de mestre de cerimónias, a música dos Down – já por si bastante talentosa - sobe a outro patamar e o grupo projecta-se criando um clima de autêntica festa e adrenalina. De facto, se o “factor Phil Anselmo” já teria algum peso previamente, este concreto provou a fantástica reabilitação (a nível físico, psíquico e da própria voz) do vocalista que, para além das inúmeras tourneés à volta do Mundo com os seus míticos Pantera, sobreviveu a inúmeros excessos e a, pelo menos, uma overdose quase fatal. A atitude do frontman, sempre a olhar nos olhos do público, a incentivá-lo a participar nas músicas, e introduzir os temas com as mais variadas dissertações, são um bónus à mera execução das canções, já por si um autêntico espectáculo tal a entrega dos músicos.

O grupo ainda não tinha entrado em palco e já estava a dar cartas graças a um fantástica ideia: prescindiram da habitual banda de suporte e apostaram na projecção de um vídeo em que misturavam gravações caseiras dos Down em tournée com vídeos raros de alguns monstros sagrados que fizeram a história do rock, nomeadamente aquelas bandas de génese hard do início da década de 70, com influência do blues americano e sulista. Para além dos clássicos incontornáveis, vimos actuações de nomes outrora famosos como os Rainbow, Thin Lizzy, UFO, etc. Não poderia ser melhor como introdução a uma banda que assume frontalmente o seu cariz “retro”.

Logo a abrir as hostilidades, “Underneth Everything”, criou bastante reboliço, uma constante na plateia apesar do ritmo mid-tempo da maior parte dos temas. “Lifer” dedicada a Dimebag Darrel, foi atacada com fúria, enquanto “Ghosts Along The Mississipi” foi das mais bem recebidas. Os músicos tranpiravam boa disposição. O duo de guitarristas Pepper Keenan e Kirk Windstein tocam já de olhos fechados ao ponto de não ser estranho entrarem em diálogo a meio de uma canção, resultando delicioso ouvir e ver a execução das inúmeras harmonias que polvilham o reportório dos Down. A sessão rítimica foi irrepreensível, pontificando o outro “pantera”, Rex Brown, a manter o mesmo ar cool de há 20 anos.

Depois de uma primeira saída de palco, com a excelente “Eyes Of The South”, Phil Anselmo aproveita para agradecer a uma longa lista de elementos da equipa de roadies, tendo em conta ser este o último concerto da tourneé que os levou um pouco por toda a Europa. Aproveita para chamar ao palco um amigo aniversariante - o guitarrista dos Skid Row, Snake, que viaja com o grupo - que teve direito a “parabéns” e a executar um excerto de uma canção do seu grupo. Já valia tudo. O espírito era de festa.A banda toca, então, o hino “Stone The Crow” em tom de apoteose e, perante a surpresa dos próprios músicos, a audiência entoa o riiff e o solo da música. Um momento único. Mais tarde, foi a vez do público ficar surpreendido quando, na parte final de um tema, e quando os efeitos de fumo envolviam o palco, os músicos livres de instrumentos se acercaram à beira do palco para agradecer; e no entanto, a música… continuava(??!!)!. Quando a névoa se dissipou, surgiu a explicação: sem interromper o tema, cada músico foi cedendo os instrumentos a roadies ou até às namoradas tendo estes continuado a tocar aquele bocado da música. Brilhante!

Enfim, foi uma grande noite de rock com uma banda em grande forma, a dar uma excelente demonstração de vitalidade e também de criatividade a nível de espectáculo, conforme se viu. E o que saltou à vista foi o facto destes músicos, apesar do inegável profissionalismo, estarem ali, simplesmente, pelo gozo de tocar.


Vídeos no You Tube (filmados por espectadores, mas dá para ter uma ideia da coisa):
http://br.youtube.com/watch?v=ZWe0O00BHr0#GU5U2spHI_4
http://www.youtube.com/watch?v=wY9ZozfrriY

1 de abril de 2008

The Cure, ao vivo no Pavilhão Atlântico: UMA CONSAGRAÇÃO INESPERADA

Falou-se muito das razões dos The Cure terem esgotado o Pavilhão Atlântico depois vários concertos no nosso país, ao longo da última década e meia, que não suscitaram grande atenção. Para além da invasão espanhola bastante nítida em vários locais do pavilhão, existiam outras: uma é a febre revivalista dos anos 80, que faz com que se realizem inúmeras festas dedicadas àquela década com os cabelos de Robert Smith a servirem de iconografia. A outra, mais a nível internacional, o surgimento de inúmeras bandas novas que se declaram herdeiras do grupo inglês.
Início do concerto. Ruídos mágicos soam no ar, silhuetas no palco, de repente... uma explosão de magia percorre todo o pavilhão. É "Plainsong", o primeiro tema do clássico "Desintegration". A falta da teclas parece plenamente compensada pela guitarra de Porl Thompson e os seus efeitos. Este facto introduz até um elemento novidade que torna este concerto mais único e atractivo. Se calhar por isso, os temas apresentados acabam por ser os menos instrumentais e sim os mais acessíveis, mais formato canção, que não os menos interessantes. Percorrendo toda a discografia da banda, uma conclusão salta à vista: a música dos The Cure é pop com todas as letras. De qualidade, é certo, mas simples e trauteável, mantendo a dose certa de personalidade e de inspiração.
Os pontos altos foram, claro, os hits mais conhecidos: "Just Like Heaven", "In Between Days", "Pictures Of You", "Friday, I'm In Love", entre outras. "A Hundred Years" soou poderosa e, durante"A Forest", o publico quase que chegou à histeria. Os temas onde era mais notória a ausência de sintetizadores foram compensados pelo coro da plateia, que acompanhava as vocalizações de Robert Smith com entusiasmo.
Os encores foram muito interessantes, preenchidos, praticamente, com canções dos primeiros álbuns, se calhar aquelas mais relacionadas com o tal corrente new wave tão em voga. Os imprescindíveis "Boys Don't Cry" e "Killing An Arab" não ficaram de fora, servindo de remate para uma actuação quase perfeite.
Assistimos, neste concerto, à reabilitação de uma banda; quer em termos criativos, devido à nova relevância da sua música, quer em termos populares. Neste aspecto, pode-se dizer, tendo em conta as recentes actuações um pouco por todo o lado, que os The Cure podem ter superado até a sua anterior fase de maior popularidade. Pelo menos já conquistaram um estatuto sério e respeitável perante as massas, em clara oposição ao que antes representavam. Resta saber por quanto tempo se conseguem manter no topo e injectar algum sangue novo a essa fama.

3 de março de 2008

KORN AO VIVO EM LISBOA

Perante um pavilhão Atlântico a meia casa, os Korn regressaram a Portugal. Com uma formação diferente, da qual restam o baixista Fieldy, o guitarrista Munky e o carismático vocalista Jonathan Davies, os Korn deram um espectáculo extremamente enérgico ajudados pelo seu (sempre) entusiástico público.
Iniciando a actuação com "Right Now", a actuação percorreu temas de toda a sua, já extensa carreira. Do seu último trabalho, não foram muitos os temas executados e, inclusivamente, até tiveram ocasião de estrear um tema novo.
Hinos como "Adidas", "Freak On A Leach", "Beating Me Down", não faltaram, sendo entrelaçdos com outros temas de menor impacto mas de igua l qualidade e originalidade.
Em "Faggot", a casa veio a baixo com público a entoar o refrão em uníssono. Em "Blind", como sempre sublime, o vocalista pediu à plateia para se agachar e saltar ao seu sinal; o resultado foi caótico. Os 3 Korn originais parecem felizes e com vontade de continuar a avaliar por este concerto. Os novos músicos, com detaque para o baterista, foram irrepreensíveis.
Para conclusão, ficou "Got The Life" em jeito the mensagem.
Apesar dos discos menos inspirados, os Korn continuam a deixar a sua marca.