25 de março de 2011

Os melhores álbuns de sempre: THE STONE ROSES - «THE STONE ROSES» (1989)

No último ano da década de 80, uma revolução estava a ter lugar na música pop com epicentro no Reino Unido. À explosão das raves e da música tecno/house aliava-se uma mudança de paradigma da música mais convencional. Havia várias cisões que estavam extremadas que necessitavam de ser ultrapassadas: aquela entre a música comercial e a música alternativa, a música alegre que era superficial e a música criativa que era por tradição soturna e, por fim, a música para dançar e a música rock apenas para ouvir. Os primeiros passos para ultrapassar essas barreiras foram dados por esses monstros sagrados que dão pelo nome de New Order, entre outras bandas, tal como por algumas editoras consagradas à música verdadeiramente nova, como a mítica Factory Records. Desta onda nasceu o que viria a chamar-se o shoe-gaze ou o rave'n'roll, que iria influenciar o estilos musicais por todo o Mundo, aliando o ritmo e a alegria à música pop/rock relevante.
Desta fornada de bandas, aquela mais representativa e inspirada (naquela altura) foi, sem sombra de dúvida, os Stone Roses. Depois de vários singles e de concertos a abarrotar, os Stone Roses lançam em Abril de 1989 o seu primeiro álbum: uma colecção de belíssimas canções, leves e ricas ao mesmo tempo, de elevar a alma no dia a dia; cometendo até o pecado de deixar de fora excelentes temas (recuperados depois em colectáneas e álbuns de raridades posteriores).
O som aliava vozes delicadas da escola hippie dos anos 60 (Simon & Garfunkel, Byrds), riffs altamente imaginativos a meia distorção e uma sessão rítmica extremamnte versátil e precisa. As canções tal como as letras repiram paz, amor e felicidade por todos os poros, constituindo autênticas injecções de boa disposição, não deixando de ser autênticas pedradas no charco à época, apesar da óbvia inspiração psicadélica.
Desde a idílica "I Wanna Be Adored", à descarga de "She Bangs The Drums", a paz de espítito de "Waterfall", até aos hinos que são "Made Of Stone" e "Iam The Resurrection" (esta com direito a jam no final).
Um álbum para história que chegou a colocar os Stone Roses num patamar comparável a uns Beatles. Infelizmente a banda acabaria por se desagregar, no meio de drogas e de tiques novo-riquistas, e o segundo álbum só viria muito mais tarde e sem a mesma frescura. O seu legado influenciou inúmeras bandas desde toda a onda brit-pop (que afogou o shoe-gaze num lodo de auto-citação) até à música pop em geral (os próprios U2 nos anos 90 reconheceram ter alguma influencia deste estilo musical). Em suma, a música, tal como a conhecemos hoje, não seria provavelmente a mesma sem esta banda e este álbum.


18 de março de 2011

Os melhores álbuns de sempre: MEGADETH - «RUST IN PEACE» (1990)

Numa altura em que a sua banda rival – os Metallica - se afirmava como o expoente máximo do chamado metal, e do thrash metal em particular, Dave Mustaine, líder dos Megadeth, decidiu fazer uma jogada de mestre. Apesar a crescente, mas relativa, fama mas que o seu grupo vinha alcançando, contratou para a guitarra solo e para a bateria – os dois lugares decisivos das bandas deste estilo – dois músicos excepcionais. A saber: Marty Friedman, um estudioso da guitarra eléctrica especialista no estilo “exotic metal” caracterizado por escalas e harpejados de tonalidades orientais ou com influências do flamenco, muito baseado em meios tons e dissonâncias; e Nick Menza, um baterista thrash por excelência com uma técnica de duplo bombo acima da media. Junto a estas novidades foi tomado um cuidado redobrado na elaboração dos temas que continuam a ser complexos mas agora com uma fluência melódica muito mais inspirada. Resultado, este colosso da música metal que dá pelo nome de "Rust In Peace".
Desde o início pujante de Holy Wars, passando pela dúzia (!!) de solos de Hangar 18, pelos recortes harmoniosos de Lucretia até ao groove de Polaris. Este album acaba por constituir uma autêntica Bíblia para os entusiastas de solos de guitarra eléctrica, onde o virtuosismo se casa na perfeição com a originalidade e a inspiração e o ouvinte fica estonteado com tamanha demonstração de força e talento.
Um exemplo da genialidade deste disco pode ser comprovada, por exemplo, num dos temas menos conhecidos do alinhamento, “Five Magics” onde a partir de um início calmo feito tensão e silêncio a canção arranca num crescendo que passa por diversos estilos (como, por exemplo, a valsa(!!!??)) para acabar num rodopio impressionante temprado com um solo em tapping.
A partir deste disco o metal mais poderoso ganhou uma profundidade que não se conhecia alcançando um novo patamar de qualidade e, por conseguinte, de (bons) ouvintes.