30 de dezembro de 2010

OS MELHORES ÁLBUNS DE 2010

Cá vai uma lista de alguns bons álbuns deste ano. Deixa o teu voto em "Comentários".

Mnemic - "Sons Of The System" - Link para resenha
Devin Townsend - "Addicted" * - Link para resenha
Nevermore - "The Obsidian Conspiracy" - Link para resenha
The Young Gods - "Everybody Knows"
Stone Temple Pilots - "Stone Temple Pilots" - Link para resenha
Sevendust - "Cold Day Memory"
Jamiroquai - "Rock Dust Light Star" - Link para resenha
The Chemical Brothers - "Further"
Arcade Fire - "The Suburbs"
The National - "High Violet"
Mão Morta - "Pesadelos em Peluche"
Linda Martini - "Casa Ocupada"
* Editado no final de 2009 mas "digerido" em 2010

Concertos do ano:
U2 - Estádio Municipal de Coimbra - Link para resenha
 The Chameleons - Santiago Alquimista - Link para resenha
Alice In Chains - Festival Alive - Link para resenha
Faith No More - Festival Alive - Link para resenha
Rammstein - Rock In Rio
Metallica - Pavilhão Atlântico

18 de dezembro de 2010

Os melhores álbuns de sempre: MORCHEEBA - "WHO CAN YOU TRUST ?"

Em 1996, a música electrónica mais experimental, nomeadamente proveniente do Reino Unido e da Europa continental, começa a ganhar adeptos. Neste particular, o trip hop surge como género inovador que seguindo premissas do dance e do hip hop, aposta num som mais orgânico que inclui a utilização de instrumentos convencionais. Surgido em 1992 com o álbum "Blue Lines" dos Masive Attack, o estilo foi seguido por várias bandas, como os também famosos Portishead. Os Morcheeba pegaram na cartilha daquelas 2 bandas, por vezes difíceis de digerir, e deram o um toque pessoal mais acessível. Partindo de influências clássicas - Hendrix, Floyd,... - os irmãos Paul e Ross Godfrey acrescentam uns toques de djing hip hop, sons étnicos e todos as ambiências do estilo musical atrás referido. Tudo unificado pela voz cálida e inconfundivel de Skye Edwards. À época, a vocalista cantava unicamente no seu registo mais grave e intimista, o que casava na perfeição com a batida arastada e hipnótica que o grupo praticava na altura, longe dos êxitos pop posteriores.
Se há álbum perfeito para ouvir numa noite fria, silenciosa, no calor de uma lareira, com certeza ele será "Who Can You Trust?". Desde a entrada de "Moog Island", qual casa dos feitiços onde penetramos, passamos por melodías perfeitas como "Trigger Hippie", "Tape Loop" ou "Never An Easy Way", pelo toque clássico de "Howlig" e "Col" e pelas narcóticas "Small Town" e sobretudo "Who Can You Trust?", um longo instrumental que nos põe a flutuar qual THC auditivo. Todo o disco é percorrido uma sensação de silêncio, de sussurrares, de ruídos estranhos e wha-whas borbulhantes. Tudo soa coeso como se de uma trip se tratasse.
Na altura, este álbum foi inovador na forma como misturava as suas influências. Hoje em dia, para além de se gostar mais ou menos do resto da carreira dos Morcheeba, vale a pena ouvir este trabalho como uma peça única e intemporal que vale por si.

Os Morcheeba actuam dia 23 de Julho no CCB em Lisboa e a 22 em Lagoa.



6 de dezembro de 2010

Rubrica "os melhores álbuns de sempre": MINISTRY - "HOUSES OF THE MOLÉ" (2004) / "RIO GRANDE BLOOD" (2006)

Os Ministry são uma da  primeiras e mais originais banda do chamado metal industrial. Surgidos em 1981, é no entanto a partir de 1987 que começam a fase ascendente da sua carreira com álbuns como "The Land Of Rape And Honey", "The Mind Is A Terrible Thing To Tase" e o álbum mais famoso da sua carreira, "Psalm 69", trabalhos onde definiram o seu som.
Depois de vários anos com composições menos inspiradas, de muitas alterações de formação, inconstância a nível da vida pessoal do seu líder e único actual membro fundador do grupo, Al Jourgensen, os Ministry entram neste século com um novo vigor. "Animositisonima", de 2002, já prenuncia bons e variados temas, o regresso à velocidade e à inspiração, para além das letras relacionadas com a realidade político-social (nomeadamente o terrorismo e o 11 de Setembro).
Mas é em 2004 que o grupo lança o seu álbum politicamente mais interventivo de sempre: "Houses Of The Molé" (um trocadilho com o título de um conhecido álbum de Led Zeppellin) é um verdadeiro manifesto contra a ascenção - na altura - dos neo-conservadores ao poder dos Estados Unidos da América e contra então iniciada Guerra do Iraque. Todo o álbum remete para a figura de George W. Bush, a começar pelo facto das canções possuírem como primeira letra do título a letra W. A excepção é a canção "NoW", outro trocadilho: o álbum "Psalm 69" continha o tema "NWO", as iniciais do termo Nova Ordem Mundial, numa alusão aos motins raciais que então ocorriam em Los Angeles; desta vez, repetiram o título mas com a letra "o" em pequeno, ou seja, "NoW" (não ao W).
A nível de composição, o álbum recupera muito da inspiração que os Ministry desenvolveram mais de uma década antes, nos álbuns já referidos, doseando peso das guitarras com ritmos maquinais, por vezes desenfreados, explosivos samples orquestrais, excertos de gravações e vozes off e o som de megafone das vocalizações de Al Jourgensen. A já referida "No W", "Worthless" e "Wrong" são dos temas mais enérgicos dos Ministry, enquanto que as composições  mais arrastadas - como a orquestral "Worm" - são de um fulgor e inspiração como há muito não acontecia nesta banda.

Na altura da edição de "Houses Of The Molé", a banda anuncia que inicia com esse álbum uma trilogia dedicada à decrição crítica das políticas de George W. Bush. Assim surge "Rio Grande Blood" (que com "Last Sucker" (2007) completam a mesma). Este álbum, cujo título faz um paralelismo entre um conhecido "western", a guerra pelo petróleo e os dois grandes rios que atravessam o Iraque (o Tigre e o Eufrates), eleva o peso e a velocidade a um nível superior. Beneficiando de colaborações - em estúdio e ao vivo - de músicos prolíficos de bandas conceituadas como os Killing Joke, os Prong, entre outras, "Rio Grande Blood" aposta num tipo de canções mais pesadas e aceleradas que nos remetem para um universo próximo do thrash metal, mas mantendo o estilo inconfundível dos Ministry. O tema   título, "Señor Peligro", "Fear (Is Big Business)" e "The Great Satan" encontram-se entre as melhores e mais poderosas canções que os Minsitry alguma vez compuseram. "Lies Lies Lies" é a forma perfeita de fazer uma canção metal com contornos pop. No meio do caos, emerge a beleza e exotismo de "Khyber Pass", onde no meio do rugido das batidas marciais plana a voz "oriental" e hipnótica de Liz Constantine.
A segunda parte da carreira dos Ministry, embora não seja a novidade total dos primeiros tempos, é a fase onde, por ventura, a banda fez maior quantidade de canções talentosas, que tocam a mais públicos, sem perder o seu cunho muito personalizado. Vale a pena (re)descobrir esta banda, das poucas que conseguiram ganhar um novo fôlego a meio da carreira.