10 de outubro de 2009

Discos: ALICE IN CHAINS - "BLACK GIVES WAY TO BLUE"

Os Alice In Chains regressaram aos originais, 14 anos depois do seu último trabalho de inéditos e 7 anos depois do desaparecimento do seu inigualável vocalista, Layne Staley. A importância do talentoso cantor na banda não fazia crer que ela voltasse sem a sua presença. Mas a vida dá muitas voltas e aqueles que viram os Alice In Chains em Portugal, no festival Super Rock de 2006 durante a sua tour de regresso, puderam observar que o novo vocalista recriava os clássicos da banda de forma quase perfeita. Assim, o passo seguinte seria, como é óbvio, regressar aos discos.

Assim, no final de Setembro acaba por ver a luz do dia o novo álbum que traz de volta o som característico que tanto distinguiu o grupo. A qualidade e o talento mantém-se, com as composições a serem escolhidas a dedo, sendo todas de grande nível, muito mais inspiradas, por exemplo, do que a generalidade dos álbuns a solo do guitarrista Jerry Cantrell. O novo vocalista, William Duvall, segue a preceito a cartilha do seu predecessor tanto no tipo de melodias como na sua produção, constituída por várias pistas de voz conjugadas num todo harmónico e característico. Agora em estúdio até se verifica-se a voz de Duvall não é tão igual à de Layne Staley, embora se adapte que nem uma luva ao estilo da banda, para além de contar com a colaboração estreita de Jerry.

"All Secrets Known" é uma espécie de valsa com dedilhado de guitarra que começa muito adequadamente com o verso «A new begining...», "Check My Brain" é o perfeito cartão de apresentação do disco, enquanto que "A Looking In View" é o tema mais forte à la Alice In Chains. Existem também os temas que citam o universo acústico do grupo (popularizado em trabalhos como o EP "Jar Of Flies" de 1993) como "Your Decision" e "When The Sun Rose Again". "Acid Buble" é outra grande e inspirada composição, a fazer lembrar levemente Bauhaus, enquanto que o tema título é, porventura, o tema mais comercial de todo o disco.


Este álbum não chega ao génio da obra prima dos Alice In Chains, "Dirt" (de 1992): por um lado porque ao tempo em que aquele álbum surgiu este som era mais inovador e, por outro lado, porque a maior parte das obras primas não surgem de forma propositada. Em todo o caso, é um regresso bombástico, com um som único e canções plenas, a milhas de diatância dos inúmeros imitadores da banda, alguns deles com basto sucesso.