19 de novembro de 2011

MACHINE HEAD AO VIVO NO COLISEU DE LISBOA - Review

A passagem dos Machine Head por Portugal superou qualquer expectativa. O concerto de Lisboa rebentou a escala a todos os níveis. Primeiramente a nível da produção: um som bombástico, com grande definição e volume, e um show visual admirável proporcionado pelos ecrãs gigantes. Depois pela banda, que tanto a nível da composição, da técnica e da performance em palco se encontra num excelente momento de forma.

Ao som dos cânticos gregorianos, os Machine Head entram em palco com a imparável I Am Hell, e logo aí se viu que o som estava a quilómetros das bandas da 1ª parte. A parte final do tema, em tons épicos, desenrolou-se com o cenário repleto de imagens de chamas, num todo espectacular.


Be Still An Know e Imperium continuaram a fase inicial do espectáculo com o público, em delírio, a entoar os temas ou em mosh nas partes mais aceleradas. Os dois guitarristas mostravam uma execução perfeita mostrando que a via dos solos e das harmonias é uma aposta ganha. Aliás, notou-se que os Machine Head, ao contrário da maior parte dos grupos que têm um guitarrista solo ou dois que solam à vez, adoptam a modalidade dos dois guitarrists solarem ao mesmo tempo em sintonia, o que cria um som muito melódico que casa bem com as partes mais densas e pesadas.


Antes de intepretar o single do último álbum, Locust, Robb Flyn fez um discurso alusivo à letra enquanto que as imagens dos ecrãs provocavam um efeito semelhante a uma nuvem (de gafanhotos no caso). O riff foi entoado pela plateia em registo "oooh, oooh, ooh", para além das partes vocais - o que foi uma constante ao logo do espectáculo. Aesthetics of Hate foi dedicada a Dimebag Darrell e a casa veio abaixo com o mosh. Clássicos como The Blood, the Sweat, the Tears (mudado para Beers), Old, entre outros, foram muito bem recebidos por um público muito heterogéneo a nível etário.
O momento mais surpreendente da noite acabou por ser o tema Darkness Within que ao vivo ganha outra dimensão com as imagens projectadas no ecrã, os breakes de McClain executados com mestria e o público a corresponder admiravelmente cantando a letra toda. Arrepiante!

No último tema antes de saír, Robb Flyn instalou a confusão quando na parte do meio de Ten Ton Hammer apelou os presentes para formarem um gigante circle pit que ocupou a plateia quase toda do Coliseu. Nada de estranhar nos concertos destes californianos. O encore foi repartido pelo tema de maior fama do penúltimo álbum, Halo, entoado em uníssono e com novo desfile de solos  admiráveis e sucessivas mudanças de parte; e pelo hino Davidian que proporcionou mais uma sessão de correria, pontapés, saltos e crowd surfing.

Com adopção de elementos mais melódicos e harmoniosos no seu som, os Machine Head fecharam uma espécie de círculo: o seu som parece agora "completo", a pujança, o groove e os tons graves conjugam-se agora com a técnica, os agudos e uma maior musicalidade. Ao mesmo tempo, alargam a sua base de fãs sem precisar de se vender. Ou seja, um caso sério de sucesso com qualidade e um espectáculo de um nível como há poucos actualmente.

Na primeira parte, tivemos os Darkeste Hour - com o melhor som da 1ª parte e a merecerem ser seguidos de perto. A banda do inenarrável Dez Fafara, os Devildriver, agitou as hostes mas, infelizmente, o som que saía das colunas estava muito mauzinho. Agurdemos regresso mais bem sucedido. Por fim, antes dos cabeça de cartaz, actuaram os Bring Ne The Horizon, de som e estética mais próxima do hardcore, com a voz agressiva a correspoder ao estilo, mas misturando alguns pormenores mais inovadores como a voz limpa e algumas partes calmas.

 

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