8 de novembro de 2011

Discos: MACHINE HEAD - "UNTO THE LOCUST"


Os Machine Head têm sido considerados, quase unanimemente, como uma das melhores bandas do universo do metal na última década e meia. Tanto que se dão ao luxo de ter os consagrados Sepultura a abrir os concertos da sua mais recente tour, ou merecem os comentários mais elogiosos de personalidades como James Hetfield (que chegou a actuar com eles ao vivo) ou Kerry King (que os considerou uma banda imprescindível num eventual "Big 4" de bandas modernas). Desde o seminal primeiro álbum "Burn My Eyes" (de 1994) que o grupo esteve sempre, no fundo, na crista da onda, ditando estilos ou seguindo-os da forma mais talentosa - conforme a altura e o álbum de que falemos. Neste sentido, a edição de um novo álbum de originais dos Machine Head assume sempre particular relevância e neste caso, depois de ouvido e digerido o trabalho, com plena razão de ser. Um trabalho cativante e talentoso, enérgico e bombástico mas com grande cuidado nos pormenores e nuances, e com tão só 7 mas grandes composições (mais 2 versões na edição deluxe).

Logo a abrir o álbum temos a faixa I am Hell, com a sua intro em cântico gregoriano, revelando aquela que - segundo o vocalista, guitarrista e líder da banda - foi a maior influência deste trabalho: a música clássica. Mas nada de sustos, já que depois de uma pequena parte pesadíssima, em tons marciais, o tema deriva para um riff estonteante em ritmo hardcore de deixar apardalado o mais incauto. Um corropio de solos e partes diferentes compõem o tema que acaba em tons mais melódicos. Uma das melhores composições de sempre da banda de deixar qualquer um sem respiração.

Um riff em tapping, de inspiração medieval introduz-nos para a segunda canção, Be Still And Know, num ritmo apesar de tudo mais calmo. Para além do peso característico da banda, nota-se um elemento mais melódico que o habitual que percorre o disco todo: é a influência do heavy mais tradicional - NWOBHV , power metal, etc. - para além da já referida música erudita.

Locust é primeiro o clip deste novo trabalho e é já um dos hinos do grupo, algo como a perfeita  canção metal: início em tons góticos, riff e refrões contagiantes e uma parte tema brutalíssima na melhor tradição Machine Head. Nem se fale do solo de arrepiar com as duas guitarras em harmonia. A letra é uma metáfora que, segundo Robb Flyn, se refere às pessoas gananciosas e ao seu poder na sociedade actual.

A seguir, temos This Is The End que é puro thrash-metal e mais um pedaço de talento para o reportório da banda, apesar do refrão levemente comercial fazer lembrar as novas bandas de metalcore de voz imberbe. O início cita nitidamente Metallica. Por sua vez, Darkness Within é o tema mais calmo do disco mas, ainda assim, consegue surpreender. Pearls Before Swine é mais um daqueles registos thrash progressivo que os Machine Head nos têm habituado nos últimos trabalhos; cada parte da música é altamente criativa e o riff final estaria mesmo a pedir uma continuação. Para terminar, temos a canção eventualmente mais power metal que os Machine Head já compuseram, Who We Are, uma espécie de final em tom festivo.

Em suma, mais um trabalho talentoso do quarteto californiano, um marco na música metal, que só peca por ser escasso. As grandes composições têm a vantagen de não nos cansarem e de descobrirmos pequenos pormenores à medida que vamos ouvindo o álbum mais vezes. Mas chegamos ao fim e ficamos a querer mais. Se calhar é propositado. Se calhar é bom sinal.

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