23 de novembro de 2009

Massive Attack ao vivo em Lisboa: O ESPÍRITO DO TEMPO

Os Massive Attack efectuaram, no passado dia 21 de Novembro, na primeira de duas noites de actuação no Campo Pequeno em Lisboa, mais uma irrepreensível actuação no nosso País. Englobado na tour de pré-apresentação de um novo álbum a ser lançado o ano que vem, o concerto segue uma linha em termos de conceito cénico que remete já para o novo disco.
O primeiros quatro temas do alinhamento, assim como uma boa parte deste, é constituído por temas desconhecidos do público. Assim desfilaram composições que se distinguem pelo seu experimentalismo, bem como pelo seu ambiente soturno mas nem por isso menos atractivo. As novas canções, para além da dos novos sons que trazem, distinguem-se também pela maior diversidade rítmica, procurando fugir ao estereótipo trip-hop.
Com "Risingson" veio o primeiro grande aplauso da noite e a constatação que o som beneficiava de excelentes condições. Nas vocalizações, para além do núcleo duro da banda - 3D e Daddy G - tivemos Howard Andy, que volta a marcar presença em 2 novos temas, para além do clássico "Angel"; Martina Topley-Bird, que actuou a solo na 1ªa parte, canta em várias das novas canções dos Massive Attack e ainda fez uma perninha em "Teardrop", para além de ajudar nos sintetizadores; e Deborah Miller que interpreta os mais solarengos, "Safe From Harm" e "Unfinished Sympathy".
A cenografia de palco, constitída por um ecrã de leds que recortava os músicos de apoio - que incluiu dois bateristas, um teclista , baixo e guitarra - revelou-se extraordinário. Cada canção sugeria um novo motivo para as imagens, fossem apenas imagens abstractas, iluminações psicadélicas, sugestões de paisagens e as mais variadas informações escritas ...em português (thank you!). Numa das músicas, números estatísticos que comparavam o mundo desenvolvido com os países menos desenvolvidos apareciam no ecrã. Noutra, eram citações de personalidades como Che Ghevara ou Mandela; noutra, apareciam títulos de notícias (algumas sobre futebol que suscitaram aplausos ou apupos conforme o gosto),... enfim uma panóplia de informação que exigia ao público permanente concentração ao mesmo tempo que sustentava o perfil cinemático deste estilo musical.
Para os encores tivemos o apontamento curioso (mas apenas isso) que é "Splitting The Atom", do EP com o mesmo nome acabado de editar, o já referido "Unfinished Sympathy" e um surpreendente "Marrakesh", com um final intenso e hipnótico com o ecrã a passar imagens frenéticas e coloridas de simbologia oriental e não só. "Karmacoma", com novos e mais ricos arranjos, marcou a despedida finda a qual todos os participantes e músicos subiram ao palco para os agradecimentos.
Os Massive Attack aproveitam a sua música aparentemente calma e relaxante para despertar consciências e, acima de tudo, permanecer na crista da onda, não só a nível sonoro como a recriar lírica e visualmente os grandes temas e questões do mundo actual, para além de oferecer um espectáculo que respira modernidade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande concerto!
Boa surpresa na primeira parte, e Massive Attack muiiiiiito bom.
A repetir!
JB