26 de dezembro de 2011

OS MELHORES ÁLBUNS DE 2011

Aqui ficam alguns dos melhores álbuns de 2011 segundo o UNIVERSO DA MÚSICA.
Machine Head - "Unto The Locust"
Trivium - "In Waves"
Mastodon - "The Hunter"
Red Hot Chili Peppers - "I'm With You"
Jane's Addiction - "The Great Escape Artist"
Fleet Foxes - "Helplessness Blues"
PJ Harvey - "Let England Shake"
Foo Fighters - "Wasting Light"
Devin Townsend - "Ghost"
Black Keys - "El Camino"
Adele - "21"
Buraka Som Sistema - "Komba"
Paus - "Paus"

20 de dezembro de 2011

Rubrica "Os melhores álbuns de sempre": THE CULT - «LOVE» (1985), «ELECTRIC» (1987), «SONIC TEMPLE» (1989)

Estávamos em 1985 e, depois de vários trabalhos, em nome próprio ou com outros, em que se destacaram como pontas de lança do movimento gótico, os The Cult arriscam em lançar "Love" que marca claramente uma evolução para outras sonoridades. A produção, bastante admirada ainda hoje, foi uma pedrada no charco para altura, com o disco a soar como se de uma actuação ao vivo se tratasse, mas num local com muito eco , tipo uma igreja, o que lhe conferia uma aura de mistério. Basicamente, "Love" é um cruzamento de rock gótico mais obscuro com a energia do rock pós-punk mais optimista, feito por bandas como os U2 iniciais, Chameleons, Big Country,etc; acrescentando-lhe ainda influências do rock psicadélico dos anos 60. Tudo embrulhado num formato bastante acessível com ritmos surpreendentemente dançáveis (!?). Aqui aparecem pela primeira vez o estilo de canções gothic-pop depois popularizado por bandas como os The Mission, Gene Loves Jezebel, Héroes del Silencio, etc. É o caso de temas como "Nirvana", "Rain", "Hollow Men" e do hit "She Sells Sanctuary". "Love" marca também a reabilitação do efeito wha-wha na guitarra rock, que desde Jimi Hendrix praticamente só era usado noutros estilos. A canção "The Phoenix" é, neste particular, sublime, com um solo demoníaco que se estende ao longo de todo tema. Para completar, temos os temas mais calmos, "Brother Wolf..." e "Black Angel", marcados pelo forte romantismo (no sentido literário do termo), para além desse grande hino geracional que é "Revolution".
Depois da tour de "Love", os The Cult contratam o produtor Rick Rubin, então com um auspicioso início de carreira, e gravam aquilo que é capaz de ser a maior pirueta na carreira de uma banda. "Electric" é quase o contrário do disco anterior apesar de igualmente inspirado. Os ecos, o ambiente nocturno e o psicadelismo são agora substituídos por um som seco, directo e distorcionado, como se estivessem a tocar na nossa sala de estar. Numa linhagem AC/DC, todos os riffs são um verdadeiro murro no estômago, puro e duro. "Wild Flower", "Lil' Devil" e "Love Removal Machine" são clássicos intemporais , para além de outros como "Peace Dog", "Bad Fun" e "Outlaw", igualmente míticos, sem esquecer aquela que será, porventura, a melhor versão do clássico "Born To Be Wild". Com este álbum, e a tour que se seguiu, os The Cult conquistaram uma enorme base de fãs nos EUA sendo das bandas britânicas mais famosas do outro lado do Atlântico nas últimas décadas. Indispensável para qualquer motard que se preze, "Electric" colocou também os The Cult como um grupo incontornável para os fãs do metal/hard n'heavy.
Em 1989 é lançado o trabalho que acaba por ser uma espécie de síntese dos 2 anteriores e o álbum mais bem sucedido em termos de vendas dos The Cult. "Sonic Temple" representa o hard-rock na sua perfeição: composições talentosas, técnica soberba, letras inspiradoras, e uma produção espectacular (Bob Rock faz aqui o seu trabalho prévio ao Black Album dos Metallica). O guitarrista Billy Duffy e o vocalista Ian Astbury têm aqui as melhores prestações de sempre. Apesar de superficialmente o álbum ter a ver com a corrente hard-glam então em voga, a verdade é que estas canções e todo o alinhamento está muitas milhas à frente de tudo o que se ouvia e é, na prática, uma paradigma do que de melhor já se fez e fará na música rock. Desde os temas mais fortes e imediatos, como "Sun King", "Fire Woman" e "Sweet Soul Sister", até aos mais mid tempo, como "Edie" e "Wake Up Time For Freedom", não há nada que falhe neste disco. Quiçás o momento alto do álbum seja a sequência "Soul Asylum"/ "New York City" /"Automatic Blues": dois épicos, profundos e poderosos, com sucessivas camadas de guitarra e refrões dramáticos, intercalados por uma rockalhada no melhor estilo que retrata na perfeição o ritmo agitado daquela metrópole. Grandioso!
Os The Cult têm tido uma carreira de altos ("Beyond Good And Evil" de 2001 é um deles) e alguns baixos, algumas interrupções de carreira e a associação a outros projectos (como a participação de Astbury nos Doors XXI), para além de alguma intermitência na sua popularidade. Em todo o caso, os 3 álbuns aqui referidos ditaram modas e movimentos, influenciaram inúmeras bandas e, por isso, fazem parte da história da (boa) música.
(Nota: clicar nos links com o nome dos álbuns para ouvir)


5 de dezembro de 2011

Os melhores álbuns de sempre: U2 - "ACHTUNG BABY" (1991)

Estávamos no final da década de 80 e os U2 tinham alcançado o seu pico de fama com o multi-platinado "The Joshua Tree" e o posterior filme e disco "Rattle And Hum", onde a banda decide revisitar as raízes do rock n' roll e da América. Para trás tinha ficado o primeiro período, mais juvenil mas com grande originalidade, e as experiências sonoras da fase de "The Unforgettable Fire". A imagem dos «4 gajos porreiros», simples, sinceros, a lutar por boas causas, e até com uma carga religiosa, era a sua imagem de marca.
Surpreendentemente, a partir daqui tudo, muda. A cortina de ferro cai e os U2 vão gravar a Berlim para respirar o ar dos tempos, Bono e The Edge declaram que andam a ouvir o shoegaze, a mistura de rock e música de dança na altura na berra no Reino Unido, alguns elementos passam por dificuldades nos seus relacionamentos, a banda volta a assentar arraiais na Europa depois de vários anos nos EUA. E nasce "Achtung Baby".
Os primeiros dados a surgir ao conhecimento do público deixaram meio Mundo boquiaberto a questionar-se se se tratava da mesma banda: do visual arrojado de onde sobressaía os gigantes óculos escuros de Bono, dos temas a denotarem um ritmo anormalmente dançável para os padrõs do grupo, a atitude da banda - na pose das fotos, nas entevistas e nos clips - e até a curiosa capa do disco. Tudo parecia propositadanete diferente, houve até quem se desiludísse com a nova atitude propositadamente teatral, cheia de mensagens subliminares, mas, ao mesmo tempo, notava-se uma coerência estética, artística e criativa, como nunca até ali se tinha visto no grupo.

A temática base que atravessa o álbum é a questão da sociedade hipermediatizada, a era da informação. Isso é notótio em canções como "Zoo Station", "The Fly" e "Even Better Than The Real Thing". Mas, por outro lado, há toda uma panóplia de temas muito inspirados que nos levam para outros cenários. O mundo das paixões e das relações é retratado sem falsos pudores em temas como "Who's Gonna Ride Your Wild Horses", "Love Is Blindness", entre outros; "Mysterious Ways" retrata  o jogo da sedução e da sensualidade enquanto que "Until The End Of The World" e "Acrobat" são mais filosóficos e existencialistas. E depois temos aquele tema elevado a uma espécie de hino de união da humanidade que é "One" (mas que poderá ter outras leituras como a temática da solidão e do flagelo da Sida).
"Achtung Baby" é um excelente retrato dos tempos actuais, mas, para além desse realismo, possui com uma sonoridade e uma produção cálida e rica, que alarga os horizontes do ouvinte. É música - no sentido artístico/cultural do termo - no seu melhor.
Depois do lançamento deste disco foi sendo desenvolvido um conceito de concerto revolucionário: a Zoo TV. Cada concerto da banda era como se fosse uma emissão de televisão em que a audiência era bombardeada por dezenas de mesagens em ecrãs gigantes, com temas diversos conforme a canção, ao mesmo tempo que a banda e o cenário obedeciam a uma espécie de performance em que Bono desempenhava o papel de vários alter-egos e até os próprios temas antigos conheciam outras sonoridades.
Tudo isto foi evoluindo para os álbuns seguintes "Zooropa" e "Pop", que tiveram também um conceito - a nível de letras, de música e de touneé - muito coerente, criativo e teatral. No fundo, o grande feito de "Achtung Baby" foi fazer com que a nova atitude dos U2 - talentosa, arrojada, irónica, crítica e até, pasme-se, intelectual - chegasse até às massas.
Desde o início do século para cá os U2 voltaram à imagem simples e bem comportada de antigamente mas, apesar das grandes produções, os álbuns soam mais insípidos a nível lírico e musical, de aí o facto das novas gerações os compararem a outros grupos que quase roçam a mediocridade. Mas a história e os períodos áureos dos U2 permanecem para quem os quiser ouvir e isso ninguém lhes tira.