28 de março de 2012

Os melhores álbuns de sempre: MARILLION - "MISPLACED CHILDHOOD"

Por Jorge Blanch

Encontramo-nos em 1985, Misplaced Childhood é o álbum que catapulta os Marillion para o estrelato. Depois de dois bem sucedidos álbuns iniciais, Script for a Jester’s Tear e Fugazi, a banda britânica decide fazer um álbum conceptual, muito em voga nos anos 70.
Como álbum conceptual é assim constituído por vários “momentos”, e não por várias canções, para ser mais rigoroso. Assim sendo, é um álbum que faz jus, por inteiro, á sua audição ininterrupta desde o primeiro ao último tema.
Misplaced Childhood tem a particularidade de constituir uma verdadeira banda sonora para a narrativa do vocalista e letrista escocês Fish.
Fish decidiu fazer com este álbum uma retrospectiva do seu passado e reflectir nas letras uma mensagem de esperança, encarnando uma figura de uma criança, ingénua, pura e apaixonada, contrastante com o sentimento de desilusão e perda bem patentes nos dois anteriores álbuns de originais.
Mais uma vez, essa vertente lírica é extraordinariamente retratada na capa do disco pelo desenhador Mark Wilkinson.
É, no entanto, na simbiose perfeita do conceito narrativo e correspondente interpretação vocal, em simultâneo com o virtuosismo dos quatro músicos, Steve Rothery (soberbo guitarrista, no desfile de ambiências e solos singulares), o teclista Mark Kelly, o viola baixo Pete Trewavas e o baterista Ian Mosley, que este álbum surpreende.
Além disso, a banda demonstra com este 3º álbum uma maior maturidade e originalidade.
Em álbuns conceptuais nem sempre o resultado é bem conseguido, no entanto, com Misplaced Childhood isso é amplamente conseguido, passando pelo pop melódico dos êxitos Lavender ou Kayleigh, a sons mais hard rock, a sons sombrios e enigmáticos como Bitter Suite e Blind Curve, ou no melhor rock sinfónico com Heart of Lothian, ou Childhood’s End.
A gravação do disco foi efectuada em Berlim, e não o foi por acaso. A escolha foi feita pela banda em conjunto com o produtor Chris Kimsey, o ambiente boémio da cidade era um dos ingredientes que contribuiriam para criam o som e a ambiência que a banda pretendia.
A aclamação do álbum, editado em Junho de 85, depois de um inesquecível concerto no Restelo no mês de Maio, foi geral.
Não só, pelo já muito abrangente número de fans, mas pela crítica em geral (pelo menos a crítica objectiva e não preconceituosa…).
A popularidade da banda atingida foi de tal ordem que atingiria com este disco o nº 1 em diversos tops europeus e sul-americanos.
Há discos eternos, e este é um deles…
…25 anos depois podem passar modas, tendências, mas este disco soa sempre actual.
Imprescindível em qualquer discografia.

6 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
António Pedro Blanch disse...

Sem exageros, uma obra prima! Este álbum é música clássica em formato rock. Não há palavras para descrever o universo mágico e colorido, de autêntico sonho, que percorre este trabalho.

Apesar de conter o mega hit "Kayleigh", não se pense que é um álbum fácil de digerir. Para começar, todos os temas são encadeados, como se os Marillion os tivessem composto dessa maneira, pela ordem em que estão, sem paragens, do princípio ao fim. Depois, as sucessivas partes, andamentos, climas e tonalidades fazem do disco uma autêntica viagem, num desfilar de emoções e paisagens sonoras que nos remetem para o nosso subconsciente e para memórias de outrora - ao fim e ao cabo, a temática lírica do disco. Ou seja, só depois de algumas audições é que o ouvinte começa verdadeiramente a apreciar “Misplaced Childood”.

Produção irrepreensível, como se as melodias fossem pintalgadas de aguarela. Sons épicos, ou desolados, trespassam guitarras em choro, melodias vagamente medievais introduzem uma voz que tanto recita como canta, no estilo incofundível de Fish. Até a capa bate certo com o conteúdo, numa óbvia alusão ao “Principezinho” de Saint-Exupéry, para além de outras nuances ligadas ao imaginário dos Marillion.

Uma autêntica celebração de vida para ser absorvida, nota a nota, em ambiente tranquilo ...e campestre de preferência (isto é tudo o contrário do reboliço urbano).
Um clássico intemporal.

Anónimo disse...

Este é um álbum que qualquer fan de música dos mais diferentes quadrantes aprecia!
Seja metálico, seja rockeiro, seja pop, seja progressivo ou mesmo alternativo.
Um álbum genial
PSantos

Anónimo disse...

Um dos álbuns que marca uma vida. Provavelmente, o auge dos Marillion, embora ainda goste mais do seu sucessor ("Clutching At Straws").

As letras de Fish são sem dúvida uma das grandes mais valias da obra.

Não é fácil destacar temas deste álbum, pois ele ouve-se como um todo.

Para encontrar um ponto fraco, teria que apontar o final, onde me parece que, depois de todo o disco pedir um final apoteótico, se acaba em tons muito simples e pouco ambiciosos (profundos?). Depois de "Forgotten Sons" e "Fugazzi", este disco merecia um "big finale", coisa que acho que não tem.

Mas sem dúvida um álbum obrigatório para qualquer amante de boa música.

VP

Raf Alex disse...

Uma das mais magnificas obras musicais dos anos 80. Simplesmente sublime.

Piloto Automatico disse...

Sobre o album está tudo dito, é puro génio. Deixo apenas uma nota sobre o texto:
"...álbum conceptual é assim constituído por vários “momentos”, e não por várias canções..."
Muito boa descrição. Album conceptual que não fica nada atrás dos seus pares nos Pink Floyd ou nos Genesis.
Bravo Marillion!
Abraço
F