15 de maio de 2011

Os melhores álbuns de sempre: PARADISE LOST - «ONE SECOND» (1997)


Os Paradise Lost são considerados das bandas, se não "a" banda, que institui o que se chama o gothic metal e que produziu vários álbuns marcantes dos quais se destaca o mítico "Icon" (de 1993) - que poderia estar nesta rubrica - e que os levou a serem considerados das melhores bandas de metal britânicas de sempre. Por tudo isso, o grupo é idolatrado ainda hoje por muitos fãs do género, apesar de entretanto terem editado vários álbuns menores, uns por caírem num comercialismo descabido outros por revelarem alguma falta de frescura.
Sensivelmente a meio deste processo quando a sua carreira respirava um sucesso razoavelmente massivo, o grupo edita aquele que é um dos álbuns que melhor mistura o rock com a electrónica. Estávamos no apogeu da música electrónica que dominou o final dos anos 90 e os Paradise Lost arriscam pintalgar os seu gothic-metal com os sons mais inovadores que se ouviam na altura, ao mesmo tempo que investem num formato de canção baseado naquele estilo de pop melancólica tão celebrizada por bandas como os Depeche Mode.
O resultado é deslumbrante mas não seria o mesmo se essa mudança fosse artificial, como nos álbuns sequentes se veio a verificar. Pelo contrário, neste disco respira-se inspiração, anseio por arriscar mas ditado pelo coração, com muita naturalidade.
Sinteticamente, este álbum está dividido em dois: por um lado os temas mais rock, na linha das canções mais acessíveis da primeira fase da carreira do grupo, decorados com uma produção mais moderna que adiciona leves sons electrónicos ou uma linha marcante de piano (algo que passou a ser muito popular mais tarde noutros grupos). Por outro lado, são aqui introduzidos um estilo de canções que os Paradise Lost nunca tinham feito: mais calmas, introspectivas, com muito mais elementos tecnológicos e que apostam em larga medida na conjugação entre silêncios e intensidade sonora; e é esta a chave da genialidade deste disco.
Para além de sucessos instantâneos como o tema título ou "Say Just Words", o grande valor deste álbum está nos temas negros e épicos, com uma sensibilidade melódica muito pop é certo, mas que alcançam o estatuto de grande canção para qualquer ouvido independentemente de um dado gosto musical específico. "Mercy" é um grande tema intemporal em que os sintetizadores tem uma importância fundamental não deixando de ser uma antítese do que é comercialismo; "The Sufferer" é uma canção com grande impacto ao vivo e aquela em que está mais explícita a dicotomia calma/intensidade; a melodia de "This Cold Life" arrepia até o mais insensível enquanto que "Sane" é impecavelmente bem produzida. Por fim temos "Disappear", um auntêntico hino, profundo e grandioso.
Por uma razão ou por outra, e por muito preconceito, este álbum passou ao lado de muito boa gente. Pode ser que cada um, ouvindo-o do princípio ao fim, se aperceba do que tem em mãos.



2 comentários:

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo!
Excelente álbum de facto.
Um álbum arriscado na altura pois constituiu uma mudança bem evidente de som depois de Draconian Times ou mesmo dos primeiros álbuns.
Para mim foi a melhor mudança que poderiam ter feito, e é claramente o melhor álbuns deles (mesmo não conhecendo o último).
Falta só mencionar no comentário inicial o tema Lydia, com a inconfundível guitarra gótica, som do qual são os melhores representantes na sua vertente mais pesada (na fase inicial), e por que não dize-lo na sua fase mais electrónica que começa com este brilhate One Second!
JB

Hitman-666 disse...

Para mim uma banda de culto, no entanto houve uma fase em albúns como o "Host" que foi mais fraca. Albúns como "Draconian Times" ou "Paradise Lost" são espectaculares.