2 de março de 2009

Discos: U2 - «NO LINE ON THE HORIZON»

Enfim, os fãs de U2 já podem estar descansados. Depois do pouco inspirado "All That You Can Leave Behind" e do já bastante aceitável mas mediano "How To Dismantle An Atomic Bomb", os U2 parecem ter regressado, com o novo "No Line On The Horizon", à rota dos bons discos. O novo álbum não é, apesar de tudo, a surpresa anunciada pelos próprios. No geral trata-se de um álbum talentoso, com boas canções, com a dose q.b. de originalidade versus comercialismo, e com o som característico da banda. Como conjunto de canções, do princípio ao fim, é o melhor trabalho dos U2 do séc. XXI. Talvez faltem canções com refrões um bocado mais orelhudos, mas ao menos soam mais autênticas e menos forçadas. Em todo o caso, há muito que não ouvíamos The Edge com riffs tão originais e incisivos e Bono com vocalizações tão aguerridas, beneficiando também da excelente produção que percorre todo o disco. Na sessão rítmica notam-se desenvolvimentos, para além de uma sonoridade muito actual. Apesar do que foi antecipado, não existe aqui metal (parece que houve umas sessões com Rick Rubin que ficaram guardadas na gaveta) nem grandes influências dos ambientes exóticos (Marrocos) em que decorreram parte das gravações. Os U2 nunca poderiam inovar demasiado porque isso significaria, logo à partida, alienar parte dos fãs amealhados ao longo de quase três décadas. Não é agora que vão criar um novo estilo musical, como na época de "Boy", ou uma experimentação como "Zooropa". Sendo assim, optou-se por uma solução de compromisso e "No Line On The Horizon" acaba por ser, nesta altura, o melhor álbum possível, o que já não é mau tendo em conta a mediocridade que anda por aí.
"Get On Your Boots" é uma grande canção, dos singles mais inovadores - e por isso polémico - que os U2 já produziram. "Unknown Caller" é radiosa, "Stand Up Comedy" é zepelleniana, "Magnificent" faz lembrar, a espaços, os primeiros álbuns, "Fez" revela vontade de inovar enquanto que "Moment Of Surrender" é um bom exemplo da vertente calma que os U2 sempre praticaram. "Breathe" é o tema que melhor sintetiza o som actual da banda: rock misturado com um refrão típico à U2 com una pozinhos de electrónica.

O ambientalismo estimulado pelos velhos comparsas Brian Eno e Daniel Lanois faz bem à música do grupo, acabando por gerar um bom resultado, próximo do que nos habituaram no passado. Ou seja, um saudável regresso, como que a dizer "estamos para lavar e durar".
Resta-nos esperar pela tourneé, por bilhetes mais baratos e, já agora,... disponíveis (!!!)

2 comentários:

Rui Martins disse...

Concordo! Para mim penso que não passa de um album aceitável, talvez melhor que os dois ultimos.
Segundo consta em Novembro há nova dose,vamos lá ver se será com ambientes marroquinos e guitarradas metal :)
Entre nós só para 2010, mas quanto aos bilhetes baratos e acessíveis a todos, tenho muitas dúvidas.

Anónimo disse...

Ainda só ouví o álbum 2 vezes, o que é manifestamente pouco para dar uma opinião minimamente objectiva.
No entanto, creio que o álbum está uns patamares acima dos dois últimos...não tanto por temas que sobressaiam muito, mas pelo equilibrio do álbum em geral.
No entanto Magnificent (a recordar o som singular dos três primeiros álbuns), No Line on the horizon ou Breathe parecem-me os melhores temas.
Confesso que com Brian e Cª e com tanta especulação...esperava um álbum mais inovador apesar de tudo.
Claro...ao vivo os U2 não precisarão de nenhum álbum em particular...são uma instituição.
JB