6 de dezembro de 2010

Rubrica "os melhores álbuns de sempre": MINISTRY - "HOUSES OF THE MOLÉ" (2004) / "RIO GRANDE BLOOD" (2006)

Os Ministry são uma da  primeiras e mais originais banda do chamado metal industrial. Surgidos em 1981, é no entanto a partir de 1987 que começam a fase ascendente da sua carreira com álbuns como "The Land Of Rape And Honey", "The Mind Is A Terrible Thing To Tase" e o álbum mais famoso da sua carreira, "Psalm 69", trabalhos onde definiram o seu som.
Depois de vários anos com composições menos inspiradas, de muitas alterações de formação, inconstância a nível da vida pessoal do seu líder e único actual membro fundador do grupo, Al Jourgensen, os Ministry entram neste século com um novo vigor. "Animositisonima", de 2002, já prenuncia bons e variados temas, o regresso à velocidade e à inspiração, para além das letras relacionadas com a realidade político-social (nomeadamente o terrorismo e o 11 de Setembro).
Mas é em 2004 que o grupo lança o seu álbum politicamente mais interventivo de sempre: "Houses Of The Molé" (um trocadilho com o título de um conhecido álbum de Led Zeppellin) é um verdadeiro manifesto contra a ascenção - na altura - dos neo-conservadores ao poder dos Estados Unidos da América e contra então iniciada Guerra do Iraque. Todo o álbum remete para a figura de George W. Bush, a começar pelo facto das canções possuírem como primeira letra do título a letra W. A excepção é a canção "NoW", outro trocadilho: o álbum "Psalm 69" continha o tema "NWO", as iniciais do termo Nova Ordem Mundial, numa alusão aos motins raciais que então ocorriam em Los Angeles; desta vez, repetiram o título mas com a letra "o" em pequeno, ou seja, "NoW" (não ao W).
A nível de composição, o álbum recupera muito da inspiração que os Ministry desenvolveram mais de uma década antes, nos álbuns já referidos, doseando peso das guitarras com ritmos maquinais, por vezes desenfreados, explosivos samples orquestrais, excertos de gravações e vozes off e o som de megafone das vocalizações de Al Jourgensen. A já referida "No W", "Worthless" e "Wrong" são dos temas mais enérgicos dos Ministry, enquanto que as composições  mais arrastadas - como a orquestral "Worm" - são de um fulgor e inspiração como há muito não acontecia nesta banda.

Na altura da edição de "Houses Of The Molé", a banda anuncia que inicia com esse álbum uma trilogia dedicada à decrição crítica das políticas de George W. Bush. Assim surge "Rio Grande Blood" (que com "Last Sucker" (2007) completam a mesma). Este álbum, cujo título faz um paralelismo entre um conhecido "western", a guerra pelo petróleo e os dois grandes rios que atravessam o Iraque (o Tigre e o Eufrates), eleva o peso e a velocidade a um nível superior. Beneficiando de colaborações - em estúdio e ao vivo - de músicos prolíficos de bandas conceituadas como os Killing Joke, os Prong, entre outras, "Rio Grande Blood" aposta num tipo de canções mais pesadas e aceleradas que nos remetem para um universo próximo do thrash metal, mas mantendo o estilo inconfundível dos Ministry. O tema   título, "Señor Peligro", "Fear (Is Big Business)" e "The Great Satan" encontram-se entre as melhores e mais poderosas canções que os Minsitry alguma vez compuseram. "Lies Lies Lies" é a forma perfeita de fazer uma canção metal com contornos pop. No meio do caos, emerge a beleza e exotismo de "Khyber Pass", onde no meio do rugido das batidas marciais plana a voz "oriental" e hipnótica de Liz Constantine.
A segunda parte da carreira dos Ministry, embora não seja a novidade total dos primeiros tempos, é a fase onde, por ventura, a banda fez maior quantidade de canções talentosas, que tocam a mais públicos, sem perder o seu cunho muito personalizado. Vale a pena (re)descobrir esta banda, das poucas que conseguiram ganhar um novo fôlego a meio da carreira.

1 comentário:

Billy disse...

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Excelente artigo, parabéns!!!

Apesar de a banda ter cessado funções em 2009, editou há 3 meses o disco MINISTRY AND CO-CONSPIRATORS "Undercover" com algumas versões suas e de temas intemporais («Purple Haze» de Jimi Hendrix está excelente).

Aconselho vivamente o DVD "Sphinctour" (1996) que considero um dos melhores DVD com imagens ao vivo de sempre e também o brutal "En Vivo" (2009) baseado na fase final da banda.


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