28 de abril de 2010

Os melhores álbuns de sempre: MÃO MORTA - "MUTANTES S.21"

Depois da sua estreia em 1988 com o inovador álbum homónimo, os Mão Morta criaram um estilo único no Mundo, que aliou guitarras estridentes, climas obscuros e um poeta - o inenarrável Adolfo Luxúria Canibal - que declamava ou berrava palavras de opressão urbana ou de histórias macabras. Nos álbuns subsequentes, o maior lirismo, por um lado, bem como a aproximação ao rock mais pesado e a uma melhoria técnica, por outro, prepararam o caminho para a obra prima da banda.

«Mutantes S.21» é um roteiro turístico por histórias do lado escondido de 9 cidades. Logo a começar, "Lisboa" é, ainda hoje, um dos hinos do grupo. Um delírio heavy decorado a estupefaciantes. Ficou para a história a frase «...táxi! Casal Ventoso, se faz favor». "Amesterdão" é o tema que simboliza a fase adulta em que a banda entra com este álbum, muito bem composta, com o Adolfo a recitar um passeio atribulado pela cidade. "Budapeste" é talvez o tema mais conhecido mas que o grupo, precisamente por isso, mais tem renegado, evitando tocá-lo ao vivo numa espécie de declaração de independência (em relação à indústria da música).

O álbum inclui ainda outros temas como "Barcelona", também muito pedida nas suas actuações, a levemente árabe "Marraquexe", entre outras. A genialidade volta a vir ao de cima em "Istambul", onde o exotismo e o calor da cidade se sente em cada nota do tema, e no instrumental "Shambalah", uma magnífica peça electrónica que já chegou a servir de introdução aos seus concertos.

Para além deste disco, os Mão Morta já fizeram muito boas coisas, mais acessíveis ou mais alternativas, mas este álbum marcou sem dúvida a entrada definitiva da banda na galeria dos clássicos da música portuguesa.

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