25 de agosto de 2011

Os melhores álbuns de sempre: THE CHAMELEONS - «SCRIPT OF THE BRIDGE» (1983)

Uma das bandas mais injustiçadas da história da música dá pelo nome de THE CHAMELEONS, um grupo britânico que existiu entre 1981 e 1987, se exceptuarmos algumas breves tourneés de regresso mais recentes. A sua influência chegou a bandas como U2, Sisters Of Mercy, Paradise Lost, Heroes del Silencio, os mais recentes Coldplay, entre muitas outras bandas por esse Mundo fora, tendo servido de inspiração a álbuns tão essenciais como, por exemplo, "Love", dos The Cult, ou "The Unforgettable Fire", do quarteto irlandês. Pode-se dizer que os THE CHAMELEONS foram, no que à música estritamente diz respeito, uns dos principais inventores do que mais tarde se viria a chamar rock gótico. É certo que no limiar dos anos 80 houve uma grande vaga de bandas que se caracterizavam pela obscuridade das melodias e as letras romântico-existenciais, mas foram os THE CHAMELEONS a explorar a fundo, e com inegável talento, o efeito do eco nas guitarras, proporcionado pelas tecnologias que eram novidade na altura - nomeadamente a utilização dos pedais "reverb" e "delay".
Apesar de só terem produzido 3 álbuns no seu primeiro e criativo período de vida, estes são todos de uma qualidade excepcional, nomeadamente os dois primeiros. Se o segundo trabalho, "What Does Anything Means Basically", constitui uma obra a roçar a genialidade pela sua diversidade e pelos caminhos novos que aponta, é no primeiro álbum, "Script Of The Brige", que o som inconfundível dos THE CHAMELEONS soa mais conciso e personalizdo. O tom é nocturno e misterioso, as guitarrras tecem malhas complexas, a voz conta fábulas fantásticas num clima íntimo e aconchegante. Temas como "Second Skin", "Pleasure And Pain", "View From A Hill", "Monkeyland", "Thursday's Child", são de uma beleza estonteante, contrabalançada pelos mais enérgicos "Don't Fall", "Up The Down Escalator" e "Paper Tigers". As guitarras, e a sua densidade eléctrica e épica, estão sempre presentes, mas isto não significa imediatismo nem excesso porque as melodias e a conjugação dos instrumentos possuem sempre um forte cunho ambiental, de profundidade e de criação de paisagens sonoras. Um segredo que se vai desvendando aos poucos, à medida que nos adentramos na floresta mágica destas aguarelas - soturnas, é certo, mas imensamente maravilhosas.
O low profile mediático da THE CHAMELEONS foi decisivo para que nunca tivessem alcançado grande fama, mas se nos resumimos à música propriamente dita, este trabalho é uma obra prima e, sem dúvida, merecedor de um reconhecimento ao nível dos melhores.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é... este album tem 26 anos!!!
Posso assegurar-vos que quando o escuto continuo a "voar" tirando prazer máximo desta encantadora sonoridade de guitarras. É um album absolutamente obrigatório para os amantes do som alternativo da época. Grandes Camaleões!!!

Anónimo disse...

Grande álbum de facto!
Estou inteiramente de acordo com a mensagem inicial.
Uma sonoridade muito singular, numa banda que, apesar de desconhecida por muitos, mesmo os adeptos do som mais alternativo, foi e é uma banda marcante.
Aliás a sua descrição, e o seu pouco reconhecimento, tornaram a banda ainda mais mítica!
Acrescento ás bandas influenciadas pela banda, e, no plano nacional, os Sétima Legião inegavelmente.
Por outro lado, igualmente "What Does Anything...." e, para mim, principalmente "Strange Times" não devem ser descurados.
Abraço camaleónico!
JB