28 de janeiro de 2010

Os melhores álbuns de sempre: SÉTIMA LEGIÃO - "A UM DEUS DESCONHECIDO" (1984)

Agora que uma onda de revivalismo pretende colocar de novo na vanguarda da música o som popularizado pelos Joy Division, aliado ao fime "Control" dedicado à figura carismática do seu vocalista e ao documentário em cena nos cinemas, eis que vale a pena determo-nos sobre o álbum de uma banda portuguesa que, talvez, melhor reencarna o espírito daquele grupo. Falamos de "A Um Deus Desconhecido" o primeiro álbum dos Sétima Legião, para muitos um dos melhores álbuns de sempre da música portuguesa.

Este disco consegue fundir as atmosferas frias e de uma profunda tristeza e nostalgia com sons da música popular, nomeadamente a música de cariz celta do norte de Portugal. O resultado é simplesmente assombroso: aquilo que na banda "modelo" britânica é um sentimento de isolamento e claustrofobia fruto da vivência de uma grande metrópole com parca qualidade de vida, no disco dos Sétima é transformado numa angústia mas dos grandes espaços, do isolamento fisicamente real, intimamente ligado à natureza e às paisagens campestres.

A produção que dá espaço ao silêncio está lá, mas não é o silêncio do interior de uma casa ou de um cubículo, mas de um local ermo e solitário. As letras parecem ser pequenos contos de tradição lusitana o que contribui para a miscelânia característica do disco, original mas extremamente coerente. Para a história ficam temas como "Aguarela", "O Canto E O Gelo" e o espantoso "Mar de Outubro" (não confundir com o álbum com o mesmo nome). Para quem conhece a discografia do grupo, este trabalho é um caso à parte na carreira dos Sétima.

Foi neste disco que músicos como Rodrigo Leão, Ricardo Camacho (também produtor de várias bandas) e o vocalista Pedro Oliveira (aqui num registo propositadamente "Curtis") se iniciaram nas lides musicais, a comprovar que "A Um Deus Desconhecido" não foi obra do acaso mas sim o primeiro vislumbre de talentos que viriam mais tarde a confirmarem-se de várias maneiras.

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