
Ao som sirenes, Zack la Rocha, Tom Morello e companhia entram a todo ogás com "Testify" e instala-se a desordem na plateia. o reboliço continua nos temas subsequentes, "Bulls On Parade", "People Of The Sun", "Bombtrack" e "Know Your Enemy". A parte tema de "Bullet In The Head" é um leve momento de acalmia para depois entrar de novo na parte final quase em hardcore. O concerto prossegue em regime de quase colectânea de sucessos, tal é a quantidade de temas conhecidos do grupo e entoados pela multidão, mesmo sendo em registo rap. É assombroso observar in loco a forma como Morello executa os seus devaneios experimentalistas na guitarra. O vocalista, por seu lado, continua a destilar raiva e contestação, em postura provocante, introduzindo discursos novos em vários temas, enquanto que a sessão rítmica mantém a cadência sem falhas.
"Sleep now In The Fire" é apresentado numa nova versão, mais longa com pormenores novos na guitarra. Na parte final do tema, Zack muda a letra para «don't sleep now in the fire". Pouco depois, o apoiante do movimento zapatista e adepto de Che Guevara, confessa ao público a sua admiração por José Saramago, como se sabe um intelectual conotado com a esquerda. Com "Guerrilla Radio", recebida em apoteose, os Rage abandonam o palco pela primeria vez. O encore foi preenchido com uma versão bem extensa de "Freedom" e com o inevitável "Killing In The Name Of" que pôs aos saltos toda a gente no recinto.

Depois de uma aventura pelos domínios do mainstream noutros projectos, nomeadamente os Audioslave, estes músicos voltaram ao que sabem fazer melhor, que é o som provocador e arrojado dos Rage Agaist The Machine, que influenciou inúmeras bandas da última década e meia sem conseguirem ser, de facto, superados. Resta saber se há vida para além desta tourneé de reunião, tendo em conta que a fórmula específica da música deste grupo só se mantém interessante se "refrescada" regularmente.
Uma palavra ainda para o excelente concerto que os The Hives efectuaram momentos antes do quarteto de L.A., entre outros intérpretes presentes no Festival.

"Invicta". Inesperadamente, quando o concerto se encaminhava para o seu pico, o guitarrista anunciou que só dispunham de 5 minutos de concerto e arranca com uma inesperada e magnífica versão do clássico "Shoudl I Stay Or Should I Go" dos Clash. Faltaram muitas, mas já foi alguma coisa. Para a história, aqui fica o alinhamento: Ball Of Confusion, No Big Deal, It Could Be Sunshine, Dog Of A Day Gone By, Haunted When The Minutes Drag, No New Tale To Tell, An American Dream, Should I Stay Or Should I Go.
No segundo dia, o destaque foi todo para os Jamiroquai. Logo no início do concerto via-se que muitos foram ao festival especialmente por esta banda. O arranque foi com o mexido "Kids" do 1º álbum, em que se notou, desde logo, o excelente som de palco dando uma dimensão mais potente às músicas. Seguiram-se "High Times", com imagens da carreira da banda nos ecrãs, e "Seven Days In June", entoado em uníssono. Em "Space Cowboy" os slaps do baixista quase que rebentavam com as colunas numa das partes mais dançantes do concerto. A voz de Jay Kay estava mostra-se em bom nível e, apesar da pouca comunicação com o público (se exceptuarmos um "ora viva!"), a qualidade do alinhamento e a presença corporal do vocalista mantiveram a química com audiência em alta. O facto de alguns temas estarem bastante diferentes da sua gravação em disco, havendo muito espaço para o improviso, foi um atractivo extra do concerto permitindo observar os excelentes músicos (e coro) de que a banda dispõe. Exemplo disso foi a versão de "Traveling Without Moving". A parte final em crescendo com "Runaway", "Cosmic Girl" e "Love Foolosophy"(numa versão muito diferente) arrasou a audiência ficando o inevitável "Deeper Underground" para o encore. No final, ficou a impressão que só falta um regresso com um grande sucesso (o último de originais já é de 2005) para os Jamiroquai passarem a fazer parte da primeira divisão das grandes estrelas mundiais da música (daquelas que enchem estádios), se é que já não são.