20 de julho de 2011

Jane's Addiction ao vivo no Optimus Alive - Review

De todos os grupos míticos do rock, já quase todos passaram pelo nosso país (sim até o desejado Ozzy com os seus Black Sabbath em 1973, por incrível que pareça). No entanto, daquela importante fornada que revolucionou a música na transição dos 80's para os 90's faltava ver um dos grupos charneira do chamado funk metal e que trouxe novos ritmos e sonoridades ao rock: os Jane's Addiction.
Foi no passado dia 9 de Agosto que a banda de Los Angeles actuou no palco do festival Optimus Alive em Algés. Dançarinas suspensas sobre o palco, fumos e um som potentoso, o show dos Jane's Addiction é rock no seu melhor: arrojo, provocação, inovação de mãos dadas com espectáculo, asumpção de um rock n' roll lifestyle franco e sem compromisssos.
Apesar do passar dos anos continuam carismáticos: Perry Farrel é a estrela da companhia com a sua voz ambígua, seduzindo completamente a atenção da audiência. Dave Navarro, é o às da guitarra, promovido a improvável socialite (nos EUA pelo menos) mas que continua a assumir a sua condição de roqueiro não abdicando de explorar novos caminhos na sua banda de sempre.
No fundo essa dualidade faz parte dos Jane's Addiction: ao mesmo tempo, são a banda rock que dá espectáculo, com solos de guitarra, psicadelismo, que apela à paz, ao amor, à revolta e ao não conformismo; mas que tem, também, uma personalidade própria que a faz única, imprevisível e excitante!
Aguardemos, pois, o próximo trabalho da banda, que pela amostra vai trazer novidades, e por um prometido regresso para breve (de preferência com um concerto mais longo).

Alinhamento:
Mountain Song, Ain't No Right, Had a Dad, Ted, Just Admit It..., Just Because, End to the Lies, Three Days, Been Caught Stealing, Ocean Size, Stop. Encore: Jane Says

Vídeos:
Video 1  Video 2  Video 3

6 de julho de 2011

Rubrica "Os melhores álbuns de sempre" - JANE'S ADDICTION - "NOTHING'S SHOCKING" (1988) / "RITUAL DE LO HABITUAL" (1990)

Em meados dos anos 80 surgem em Los Angeles os Jane´s Addiction e logo de início se verificou que estávamos em presença de uma banda especial. A nível musical, o som era altamente criativo, misturando funk, hard rock, punk e algum do rock alternativo que, à data, ecoava na Europa. A imagem era excêntrica, nomeadamete o vocalista Perry Farrell (também pintor/escultor pop e surfista) com os seus visuais bizarros, as suas entrevistas provocantes, a lançar farpas a tudo o que fosse conservador e opressor de direitos. Depois, durante anos, a sua forma de expressão foi quase sempre em concertos, começando por estar ligados aos "happenings" de juventude e de artistas, às universidades e a eventos de desportos radicais. Não foi de estranhar que o seu primeiro álbum - "Jane's Addiction" (1986) fosse gravado ao vivo em concerto.
Mas foi com o seu primeiro álbum de estúdio, "Nothing's Shocking" que a banda provou que era um caso sério no rock em geral, com as suas magníficas canções e a produção irrepreensível. A guitarra de Dave Navarro prova ser fundamental no som da banda, Stephen Perkins prova ser o baterista mais inovador da sua geração - revolucionando o ritmo amorfo do rock da altura - o baixo de Eric Avery traz tanto a influência funk como a pós-punk para a banda, e a voz de Farrell, ambígua e única no Mundo, com as suas reverbações, dá uma atmosfera celestial e grandiosa ao grupo. Do calmo ao pesado, do alegre ao obscuro, o álbum passa por inúmeras tonalidades. A começar nas letras, que passam por temas como a celebração de vida de Ocen's Size e Up The Beach, a liberdade individual do magnífico Mountain Song, a religião em Had a Dad, a política em Idiot's Rule, o sexo na visão de um psicopata no psicadélico Ted, Just Admit It... e o hino dedicado à amiga prostituta que dá nome à banda, Jane Says.
Em 1990, os Jane's Addiction sobem um degrau e editam o álbum "Ritual de lo Habitual" que começa com a intro «Nós temos mais influência nos vossos filhos que vocês!» ...revelador. O disco divide-se, essencialmente,  em duas partes: uma com temas na linha do álbum anterior mas com grande inspiração - como Stop, Ain't No Right e No One's Leaving - e outra constituídas por longas composições, mais calmas e hipnóticas - como é o caso do hino Three Days (uma metáfora religiosa para falar sobre o amor livre) e de Then She Did. No meio existe o (talvez) maior hit da banda, Been Caught Stealing, e para finalizar a inesperadamente romântica, Classic Girl.
Os Jane's Addiction separaram-se ano e meio depois, com um concerto final em que o vocalista actuou tal como veio ao Mundo (!!). Voltariam intermitentemente em 1997, para uma bem sucedida tour, em 2001-2004, com outro álbum de originais, e agora desde 2009 com mais um trabalho na calha.
A sua influência ultrapassa gerações e estilos e foi tanto musical (influenciou o grunge, o nu-metal, o rock alternativo, etc.), como a nível da atitude em palco e fora dele, como também ao nível da indústrial musical, especialmente a americana, ao demonstrarem que as editoras e os músicos independentes podiam ter sucesso; isto para além do contributo de Perry Farrell ao inventar e organizar o conhecido festival itinerante Lollapalooza. No que a estes dois discos diz respeito, ambos foram autênticas pedradas no charco que abriram novos rumos ao rock.

Links para vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=ZwI02OHtZTg

http://www.youtube.com/watch?v=1kAIMlISHhU

http://www.youtube.com/watch?v=tFW37YmqfKY

http://www.youtube.com/watch?v=Ek6N_-O19do