26 de fevereiro de 2011

Os melhores álbuns de sempre: MACHINE HEAD - «BURN MY EYES» (1994)

Na altura da edição deste seu primeiro álbum, os Machine Head era um bando de anti-sociais pertencentes a gangs dos subúrbios de San Francisco. Neste trabalho, o ambiente quotidiano dos quatro elementos do grupo, com toda a sua carga intensa e violenta, é retratado em forma de música com este resultado: um som brutal como até então nunca se tinha ouvido, ritmos extremamente elaborados do mais rápido ao mais calmo, e riffs cheios de balanço e muito criativos. Em geral, respira-se uma atmosfera obscura e profunda mas extremamente poderosa, feita de silêncios, mudanças de ritmo, breaks pujantes, tudo bate certas na altura certa, uma autêntica máquina de adrenalina. A afinação muito mais grave do que o habitual das guitarras adensa o clima intenso do disco, a produção roça a perfeição e a voz alcança aquilo que poucos conseguem: cantar com raiva e, ao mesmo tempo, soar bem, passando pela melodia pró-grunge e chegando, em algumas partes, ao susurro (!!!??). Se a isto aliarmos as letras de intervenção, abordando temas como, a política, corrupção, drogas, religião e a street culture, ficamos com um autêntico cocktail explosivo em forma de música. Um clássico.



10 de fevereiro de 2011

Os melhores álbuns de sempre: TESTAMENT - «LOW» (1994)

Uma das bandas mais carismáticas do rock pesado dá pelo nome de Testament. Originários da Bay Area (os arredores de San Francisco) - à semelhança de outros ícones seus contemporâneos de geração e estilo musical como os Metallica, os Megadeth e os Slayer, os Testament foram pioneiros no que se viria a chamar o thrash metal, aquele estilo de música que se caracteriza pelo desenvolvimento da técnica do power chord na guitarra eléctrica como fio condutor de uma música que se caracteriza também pela velocidade, pela adopção de melodias de cariz obscuro apostando mais no poder do som e pela exploração do solo de guitarra e do duplo bombo na bateria (vide o caso dos Metallica da fase Master of Puppets ou da maior parte dos álbuns de Slayer). Se se quer conhecer Testament na sua fase mais thrash, comece-se então por um trabalho chamado "First Strike Stills Deadly" que nada mais é que a regravação de temas dos 2 primeiros álbuns (editados originalmente a meados dos anos 80) com a produção do ano de 2001 e com resultados assombrosos. No entanto, o álbum original mais cuidado, mais diversificado, mais audível por qualquer ouvinte e, conforme se pode verificar passdo este tempo, com um grau de inovação apreciável, é "Low". Nesta altura, os Testament tinham sofrido várias alterações na sua formação e desta apenas resistiam o vocalista Chuck Billy e o guitarrista Eric Peterson. Assim, numa altura que o metal tinha ganho um novo balanço a nível de popularidade (1994) , bebendo em bandas que revolucionavam este estilo musical e dominavam os tops (Pantera, Sepultura) ou que começavam a despontar (Machine Head), os Testament resolveram apontar baterias noutra direcção diferente da que os tinha conduzido à situação de estagnação em que se esncontravam no início da década de 90. Neste sentido, foram buscar músicos de excepção nestas lides: James Murphy, conceituado guitarrista dos Death que se caracteriza pela sonoricdade peculiar dos seus solos, Joey Tempesta, que também tocava nos White Zombie e que actualmente faz parte dos The Cult (!!!), e Steve Di Giorgio, dos Sadus.
Com esta formção, os Testament arrancaram para um álbum inspiradíssimo que para além da energia constante em grande parte dos temas, proveniente de riffs demolidores e da produção excelente para a altura, contém um lado mais ambiental e profundo gerada pelo carácter exótico da guitarra de Murphy e da introdução de partes calmas, em doses com porção ideal, que tornam este disco muito variado, excitante, sem perder o seu lado poderoso. A introdução da vertente ambiental neste disco (sem cair na balada hard-rock fm de outros tempos) misturada com a variedade rítimica é das coisas mais espectaculares deste trabalho e sem paralelo no metal da altura, excepção feita a outro disco desta época chamado "Arise", dos Sepultura.
O tema título, apesar de ter honras de video-clip, é mais uma canção no meio de outras que apesar de apostarem na simplicidade do trinómio riff (talentoso sempre)-tema-refrão têm sempre uma parte instrumental ou de solo que deixam a cabeça a andar à roda, tal a técnica e a imaginação empregues - veja-se o caso de Legions, Hail Mary ou Dog Faced Gods. A diversidade rítmica é também uma característica deste álbum que confere mais entusiasmo e força ao caráter da música, em vez de um ritmo constante que acaba por se tornae aborrecido ao fime de algum tempo mesmo que seja "sempre à'brir". Em certos temas chega a ser dançável, como no caso de All I Could Bleed (influência funk-metal?) ou tornar um tema ainda mais espectacular com um pára-arranca constante, como acontece em Chasing Fear. Os temas calmos marcam presença de forma irrepreensível, e impecavelmente produzidos, e a técnica dos novos elementos fica patente no instrumental em que aparece mais nítida uma nuance que paira sobre todo este disco: o oriente. Aprofundando o que certos grupos desta área já vinham experimentando, os Testament recorrem, neste trabalho, a melodias de óbvia inspiração árabe, indiana, ou afins, nos solos, dedilhados, riffs e até em certas temáticas das letras.
Com este álbum os Testament renasceram para um novo fôlego na sua carreira. Para os não fundamentalistas do old school é capaz de ser mesmo a masterpiece desta banda americana, permanecendo ainda e sempre actual, pelo menos para quem gosta de música diversificada, talentosa e bem produzida.