10 de setembro de 2010

Os melhores álbuns de sempre: FRANKIE GOES TO HOLLYWOOD - «WELCOME TO THE PLEASUREDOME" (1984)

Este álbum é inegavelmente um dos álbuns mais inventivos da história e representa, ainda hoje, um exemplo de vanguardismo, para além de personalizar a inclusão das mais recentes tecnologias à data com grande popularidade e originalidade.
Em 1982 os Frankie Goes To Hollywood (ideia vinda de um anúncio de Frank Sinatra) nascem em Liverpool. Em 1983 lançam 3 singles míticos: "Relax", "Two Tribes" e "The Power of Love" pela ZTT Records e produzidos por Trevor Horn, quiçás a peça mais fundamental em todo o processo.
Depois da histeria generalizada pelo "som novo", verdadeiramente "extra-terrestre", é editado, já em 1984, o álbum "Welcome To The Pleasure Dome" e as melhores suspeitas confirma-se. O trabalho é um potento de imaginação, uma autêntica montanha russa de sensações e emoções. A primeira peça é uma composição de quase um quarto de hora constituída pela canção que dá título ao álbum e por uma longa introdução que inclui vozes de ópera até barulhos da selva (do paraíso?). O tema é estrondoso e, talvez, aquele que mais revela a genialidade que está por detrás deste álbum, sejam responsabilidade dos 5 elementos do grupo ou do produtor. Ao longo daqueles minutos dá-se o mote para o que constitui o resto do disco: uma catadupa de sons e de imagens, por eles sugeridas, como se de um filme se trata-se, com música clássica, com sons ambiente, com sintetizadores espaciais. Num conceito: música para sonhar. O imaginário cinematográfico que percorre o álbum extende-se até à própria imagem da banda, que encarnava, nas suas fotografias promocionais e video-clips, personagens - ora representavam sodados, ou aventureiros no meio da selva, ou pousavam com fatos impecáveis, etc.
Depois, os hits: "Relax"- numa versão mais reverbada que melhora o original; "War" - um lado B de single que aqui é todo decomposto permitindo apercebermo-nos de todos os sons e pormenores que compõem estas músicas, uma verdadeira delícia; "Two Tribes" - o hino à "guerra fria", um autêntica vendaval para as pistas de dança. O resto do álbum alterna entre temas mais calmos como o cinemático "Fury", a afrodisíaca "Ballad of 32" ou o nocturno "Black Night, White Light" e outros mais funk ou influenciados pelo music-hall como "Wish The Lads Where Here" e "Only Star In Heaven". Como final, temos esse "slow" assombroso que é "The Power Of Love", ainda hoje arrepia, sem esquecer o belo video-clip para crentes e não crentes.
Como complemento a este álbum, aconselha-se a arranjar as "extended versions" da altura de muitos destes temas, consideradas autênticas peças sónicas pioneiras. Nomeadamente a fantástica anihilation mix de "Two Tribes", onde, entre ambientes épicos, com influencia de música clássica, e uma voz off profética, é glorificado o bombo da bateria e a sua repetição, algo que iria inspirar anos mais tarde (sim, já adivinharam) toda a música de dança.

2 de setembro de 2010

Discos: STONE TEMPLE PILOTS - "STONE TEMPLE PILOTS"

Os Stone Temple Pilots editaram recentemente o seu 6º álbum de originais. Depois de um longo interregno de 9 anos, a banda voltou no ano passado depois da aventura do vocalista Scott Weiland nos Velvet Revolver e do resto do grupo ter gravado sob o nome de Army Of Anyone.
Sendo, reconhecidamente, um dos grupos que melhor sobreviveu à ascenção e queda do grunge, os STP caracterizam-se por fazer álbuns muito inspirados, sem grandes pretensões mas recheados de momentos brilhantes e memoráveis. Beneficiando do talento de um dos melhores vocalistas das últimas décadas e da criatividade dos irmãos De Leo (na guitarra e no baixo), os Pilots fazem música convencional, é certo, mas com uma qualidade que poucos conseguem.
Assim, o álbum agora editado, com o título homónimo, caracteriza-se por apostar mais naquele glam rock/grunge que o grupo sempre desenvolveu e menos nos temas calmos, nos quais também foram sempre  fortes. Assim temos canções como "Between The Lines" e "Take A Load Off", clássicos instantâneos para os concertos, mas existem também algumas surpresas, como é o caso da experimental "Hickory Dichotomy". Temos tambémm as releituras de clásssicos, como na beatlesiana "Dare If You Dare" e na zeppelliniana "Hazy Daze". O momento descaradamente pop que é "Cinnamon" resume o espírito deste grupo: música positiva e decontraída com enorme talento. A bitola começa a descer um pouco para o fim mas acaba em alta com a leitura bossa de "Samba Nova", algo em que a banda já é reincidente, e que constitui praticamente o único momento mais chill out de todo o disco.
Ouvindo este trabalho, às vezes temos pena do grupo não oferecer peças instrumentais mais extensas em que os músicos pudessem dar largas aos seus talentos. Mas não há nada a fazer, desde o início que a concisão sempre foi uma característica sua, tal como fazer o que lhes dá na gana, como desta vez porem de lado as tradicionais baladas.
Falta agora vermos em Portugal vertente live desta banda que, como se sabe, não deixa ninguém indiferente. A ver vamos..