25 de julho de 2009

Perdidos no tempo: MORITURI

Criadores de uma música de excepcional qualidade, os Morituri foram uma banda que existiu na segunda metade da década de 80, tendo feito algum furor no underground lisboeta. Praticavam uma música extremamente avançada para a altura, tendo sido dos primeiros (do Mundo se calhar) a cruzar estilos tão díspares à época como o gótico, o metal, o punk e o rock sinfónico. Anteciparam até movimentos e correntes que viriam a surgir anos depois, como as bandas de metal operático ou black sinfónico (proporções à parte, claro).
A sua carreira foi curta e, lamentavelmente, não deixou nenhum registo discográfico editado comercialmente. Assim, cancões de grande talento como "Tédio", "Luzes Vermelhas", "Viver A Sua Vida ", "Crime no Paraíso", entre outras, ficaram, por isso, esquecidas no tempo.
Dos grupos que fizeram parte do boom criativo da segunda metade da década de 80 e que nunca chegaram a editar nenhum disco, e não foram poucos, os Morituri serão, por ventura, o caso mais emblemático dessa injustiça.
Para conhecer a banda, consulte-se o seu My Space: http://www.myspace.com/morituri1986

12 de julho de 2009

Festival Alive: 5 ESTRELAS E 1 SOL

O dia dedicado ao metal do Festival Alive foi, como se esperava, magnífica, com música de grande qualidade, som e e espectáculo visual a nível elevado e o público a condizer nas suas manifestações, até porque se tratava da sempre expressiva tribo metaleira.
A abrir as hostilidades, no palco principal, estiveram os portugueses Ramp, que regressaram aos grandes concertos depois de um largo período de reduzida ou quase nula actividade. A banda fez questão de lembrar isso mesmo ao dar as boas vindas "novamente" aos Metallica, eles que já tinham feito a 1ª parte dos norte-americanos há precisamente 10 anos (um dos pontos altos da sua já longa carreira para além de outros como, por exemplo, a presença no Ozzfest). A banda, em jeito de festejo, realizou uma actuação onde executaram os seus temas mais conhecidos com toda a sua energia e com grande receptividade por parte do público. Ficamos à espera de mais concertos, se possível, na preferência deste escriba, com maior destaque para o clássico "Intersection".
A seguir veio um dos concertos mais esperados do dia. Os Mastodon realizaram uma actuação que percorreu o seu longo leque estilístico, indo do mais rápido ao mais calmo, do mais enérgico ao mais psicadélico, tudo sob um manto de grande criatividade e inspiração. Se temas como "The Wolf Is Loose" e "Blood And Thunder" instalaram o caos na plateia, os temas do último álbum convidaram mais à observação e audição. Para daqui a alguns meses está previso o merecido concerto em nome próprio com direito a cenografia e projecções vídeo.
Muito mosh e muita e locura aconteceram durante o concerto de Lamb Of God. A intensidade e o peso da música fizeram desta a actuação mais pesada do dia. O grupo aproveitou o facto do tempo de actuação ser curto para brindarem os presentes com as melhores canções do seu catálogo desde o fantático "In Your Words", do último álbum, até ao velhinho "Now You've got Something To Die For". O peso e os ritmos extremamente balanceados não dã hipótese de deixar algum corpo quieto. Fantástico também é observar como a influência de uns Pantera perdura nas novas bandas passados todos estes anos.
Os Machine Head já são uma banda consagrada, conforme se viu pela recepção calorosa de grande parte do público. Um ano depois da actuação no Rock In Rio, o grupo apresentou um alinhamento que inclui muitos dos grandes temas da sua carreira - como "Struck A Nerve" ou "Bulldozer", para além da recuperação de "Beautiful Morning", que consta do jogo "Guitar Heroe - Metallica". Este facto fez com que todo o tempo do espectáculo tenha decorrido em apoteose constante, com hits atrás de hits, refrões entoados e mosh do palco até à mesa de som. Nem a presença em palco da mãe «100% portuguese» de Phil Demmel faltou. E Robb Flyn continúa um verdadeiro mestre de cerimónias.

Os Slipknot não deixaram os créditos por mãos alheias e efectuaram também um grande concerto. Começando com os clássicos "(Sic)" e "Eyeless", o grupo apostou numa mistura dos seus temas mais conhecidos, como "People =Shit" e "Psychosocial", com outros mais técnicos, como "Sulfur" ou "Disasterpiece". O público mais chegado ao palco notou-se ser mais jovem do que quele mais adepto de outras bandas, entoando em coro temas como "Duality" e "Wait And Bleed". "Surfacing" e "Spit It Out", com Corey Tyler a mandar o público agachar-se, foram os temas para acabar em beleza (??).
Os Metallica, como banda mais esperada, foram recebidos em delírio e corresponderam com um concerto impecavelmente bem executado. Ao contrário do que se estava à espera, algumas canções do último álbum ficaram de fora e as maiores novidades acabaram por ser "Broken, Beated & Scared", "Cyanid", "All Nightmare's Long" e "The Day That Never Comes", para além da recuperação do esquecido "Holier Than Thou". De resto, o grupo aposta em agradar aos convertidos que agradecem o conservadorismo dos seus ídolos e entram em êxtase com clássicos como "Blackened", "For Whom The Bell Tolls", "Fade To Black", "One", "Master Of Puppets" e "Fight Fire With Fire". O final com "Enter Sandman" foi apoteótico, com fogos de artifício, tal como o final do encore com "Seek And Destroy", com a maior parte dos presentes a entoarem o refrão.
Depois deste dia, e perante a reacção do público em relação às bandas, pode-se concluir que há espaço para um festival na área do rock/metal com grandes nomes (o Ermal aposta mais na quantidade do que na dimensão comercial das bandas). Vamos ver quem se arrisca a fazê-lo.... sem trazer cá os Metallica.

Para ler a crítica aos outros dias, consultar:
http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&m=5&fokey=bz.stories/48591
http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&m=5&fokey=bz.stories/48633