11 de setembro de 2008

Discos:METALLICA - «DEATH MAGNETIC»

Uma semana depois de editado, ouvido e maturado, durante a qual conquistou o primeiro lugar da maior parte dos tops à volta do Globo, importa agora efectuar a aqui o comentário ao álbum de Metallica - "Death Magnetic". E o que há a dizer? Sim, é sublime, tem qualidade, tem originalidade, tem técnica e, basicamente, é tudo o que se pode esperar de uma banda como Metallica. Pela primeira vez em 17 anos os Metallica compõem um álbum que se aproxima do génio dos cinco primeiros trabalhos do grupo. A saber: "Kill 'Em All" (1983), "Ride The Lightning" (1984), "Mater Of Puppets" (1986), "...And Justice For All" (1988) e "Metallica" (1991).
Basicamente, o trabalho é um regresso às raízes do grupo, nomeadamente, aos temas mais épicos, influenciados por música clássica, à técnica de guitarra e bateria, à sucessão de partes de forma - neste caso mais ou menos - coerente. Ou seja, é um regresso àquele som que os Metallica tinham no passado que fez com que muitos os considerassem a melhor banda do Mundo. Isso não quer dizer que seja uma cópia do passado, não. A grande arte está em inovar mantendo a personalidade, e isso é o que temos aqui. Para além disto, a vocalização bluesy de James Hetfield, carcterística dos últimos trabalhos, continúa neste álbum, em prejuízo das vocalizações mais poderosas de antigamente, o que pode ser um ponto contra na opinião de alguns fãs. Certas melodias têm até algumas tonalidades hard rock de discos mais recentes e até a produção seca e directa faz lembrar por vezes a do (algo injustamente) mal amado "St. Anger", mas sem a tarola irritante. No entanto, a predominância da bateria continúa a ser uma imagem de marca do grupo.
Mas vamos ao álbum cujo título remete para as mortes prematuras no mundo do rock. O início é soberbo, em tons épicos e solenes entrando com um riff tecnicista e ao mesmo tempo bastante memorizável, como é apanágio de Metallica. A primeira música - "That Was Just Your Life" - é, aliás, um rodopio de partes que se encadeiam de forma fluída. "The End Of The Line" é um dos riffs que fica mais no ouvido de todo o álbum, para além de ser já conhecido de quem estava a par das filmagens dos ensaios do grupo disponíveis na Internet. Da mesma forma, entra também por um corropio sucessivo de melodias trash de cortar o fôlego. O terceiro tema é novamente vigoroso, com os ritmos em estilo tribal e só quando se chega a "The Day That Never Comes" é que temos algum descanso, com uma típica semi-balada à Metallica, na linha de "One" ou "Sanitarium". "All Nightmare Long" é outra faixa enérgica e trabalhada a nível técnico, o refrão é dos melhores do álbum. A nível lírico, sugere uma continuação de"Enter Sandman". "Cyanyd" é a faixa mais groove deste ábum, com o baixo de Robert Trujullo a fazer-se notar decisivamente. "The Unforgiven III" traz, pela 1ª vez, a presença de um piano num álbum de originais de Metallica e é um bom tema de características mais calmas mas cheio de talento com um grande trabalho de guitarras. "Judas Kiss" é soberbo, com um riff estonteante. Por seu lado, "Suicide & Redemption", a canção instrumental do disco assemelha-se a uma jam com partes bastante interessantes, não alcançando, apesar disso, a genialidade de certos hinos do passado. "My Apocalypse" acaba por ser um final em beleza, na melhor tradição thrash, apesar de não primar pela originalidade.
Em suma, um grande disco digno de enfileirar com os referidos primeiros dicos de Metallica. Pontos contra, o ser preciso tanto tempo para os Metallica fazerem um dico bom e, em segundo lugar, o facto dessa demora em descobrir inspiração roube um pouco o factor surpresa, principalmente se tivermos em conta a evolução da música e do metal na última década e meia. No entanto, é preciso não esquecer que o som dos Metallica não se pode comparar com outros grupos, por ventura mais tecnicistas e originais mas menos acessíveis a públicos mais alargados. O grupo tem a sua personalidade e tem que ser visto nesse contexto, até porque há muita gente que não gosta de metal e que gosta deste grupo pela suas óptimas canções, para além da influência que teve em inúmeras bandas no passado. Uma coisa é certa, este é o primeiro disco dos Metallica que aponta mais para o passado do que para o futuro. Pela primeira vez os Metallica fazem um disco... à Metallica. Na opinião deste escriba, e tendo em conta o passado mais recente, a opção é a mais satisfatória.

Links:
- The Day That Never Comes - http://www.youtube.com/watch?v=Mlahvvymkxc